Um estudo de especialistas da Academia Chinesa de Ciências, em Beijing, e da Universidade de St. Thomas, no Minnesota, EUA, concluiu que, atualmente, o movimento das correntes das águas dos oceanos, bem como as suas elevadas temperaturas, estão a conduzir à aceleração das alterações climáticas.
O estudo publicado na revista Nature na passada segunda-feira, 28, analisou as águas dos oceanos ao longo da última metade deste século e os resultados pareciam, à partida, promissores. As conclusões indicavam que a estratificação dos oceanos, isto é, o fenómeno de formação de camadas horizontais de água com diferentes densidades, estáveis e ordenadas, que permite que as menos densas flutuem sobre as mais densas, está a aumentar significativamente. Isto quer dizer que os oceanos se tornaram mais estáveis, com menos oscilações.
Os peritos concluíram que a estabilidade dos oceanos aumentou 5,36% nos últimos 50 a 60 anos. No entanto, este aumento da estabilidade deve-se, sobretudo, ao aquecimento da superfície do oceano causado pelos gases de efeito estufa libertados pela atividade humana. O principal problema é que, quando as águas quentes permanecem na superfície do oceano, elas acabam por afetar a meteorologia, conduzindo, por exemplo, à formação de furacões. Além disso, águas mais quentes têm menos capacidade de absorver o dióxido de carbono existente na atmosfera, agravando o aquecimento global.
Este aumento de temperatura dos oceanos também afeta significativamente os ecossistemas marinhos, uma vez que um oceano mais estável tem menos capacidade em movimentar os nutrientes necessários à sobrevivência da vida marinha. Isto significa que os animais que necessitam de correntes de águas ricas em nutrientes, necessários à sua sobrevivência, podem estar em risco.
De acordo com o estudo, estamos a assistir a um aquecimento cada vez mais rápido da Terra que se deve, em parte, à incapacidade dos oceanos em absorver o dióxido de carbono. O aquecimento global causado pelo ser humano está a conduzir, então, à formação de oceanos cada vez mais estáveis, que por sua vez contribuirão para o aumento do aquecimento global no futuro. Isto origina um círculo vicioso difícil de travar caso não sejam tomadas medidas eficazes para diminuir a temperatura do nosso planeta.