“Tem vontade de nadar com a Covid-19 este verão?”. A pergunta, assaz provocatória, é de Laurent Lambert, o fundador da Operation Mer Propre, uma associação ambientalista francesa, citado pelo Le Parisien. Numa investida recente para apanhar resíduos junto à baía de Antibes, na zona da Côte d’Azur, sul de França, o que encontrou no fundo do Mediterrâneo deixou-o indignado.
“Sabendo estão a ser usadas milhões e milhões de máscaras descartáveis, em breve receio que sejam ainda mais do que as medusas”. A referência é interessante, já que se trata de uma praga que há anos assola o mar aqui ao lado, por causa do aumento da temperatura da água. O seu receio é que agora máscaras e luves se transformem num tsunami de resíduos a desaguar no Mediterrâneo.
“Pode um imenso desastre ecológico”, segue Lambert, citado pelo diário Le Parisien. “Mal haja um qualquer temporal, todas as máscaras e luvas atiradas para o chão ou para os esgotos hão de vir parar ao mar”.
400 anos para se decompor
É o mais recente efeito da pandemia, que está agora a proporcionar um outro tipo de poluição. As imagens de ruas repletas de máscaras e luvas têm-se replicado nas redes sociais. Obrigatórias numa série de espaços fechados, têm acabado com demasiada pouca frequência nos caixotes do lixo indiferenciado, como é suposto. Daí que agora comecem a invadir um outro espaço natural já abundantemente poluído pelo plástico. Como quem diz, o mar.
Um alerta que foi também já ampliado pela World Wide Fund, organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental. “O Mediterrâneo é um dos lugares emblemáticos de nossa herança. No entanto, está inexoravelmente submerso sob uma torrente de plástico cada vez maior”, sublinhou a WWF, em comunicado.
Confirma-se assim o alerta que aquela associação já tinha lançado. E a questão é simples de entender: tal como as fraldas, as máscaras cirúrgicas são feitas de polipropileno, um conhecido derivado do petróleo. Cada uma, estima-se, leva cerca de 400 anos para se decompor.