O presidente do Global Green Growth Institute, Ivo de Boer, defendeu que o novo modelo económico assenta numa economia em que a grande maioria das atividades económicas utilizam de forma mais eficiente os recursos existindo uma proliferação de produtos e negócios verde inovadores e rentáveis.
Quando ouvia estes discursos com os quais concordo plenamente, senti-me desolada, ao saber que, a maioria dos alunos universitários em Portugal não ouvem nada sobre este tema. As escolas de gestão e de economia, continuam a ignorar as mudanças que estão a ocorrer na agenda internacional e que afectam a forma como se faz negocio e como se pensa o crescimento de um país. Nesta conferencia, até que entrei um pouco em pânico, ao ver tamanha esperança e visão por parte dos oradores, quando sei que nas universidades de economia e gestão, o tema da economia verde, economia sustentável, finanças sustentáveis entre outros são ainda ignorados. Ignorados porquê? Porque quem decide não conhece o tema. Porque estão acomodados e não querem mudar. Porque pensam que a sustentabilidade não traz dinheiro … enfim … porque, no fundo, estão desatualizados. Na realidade, os alunos que tiram cursos de engenheira aprendem mais sobre economia ecológica e economia verde do que qualquer aluno que estuda gestão ou economia em Portugal. Assim sendo, como iremos de facto conseguir colocar presidentes de empresas a pensar verde e como iremos conseguir que os financeiros passem a pensar a médio prazo em vez do curto prazo?
Este desabafo deixa apenas um desafio: é urgente educar para o desenvolvimento sustentável, é urgente ensinar a economia verde, é urgente ensinar a fiscalidade verde e a contabilidade ambiental. É fundamental que as Universidades de Gestão e de Economia consigam ter a abertura de espírito para conseguirem contribuir para o desenvolvimento de um país melhor. As universidades não podem impedir o desenvolvimento e a inovação. E na economia e gestão, estamos precisamente numa época de inovação. E como tal vale a pena correr o risco de ser pioneiro e de não ter certezas absolutas.
Sofia Santos
Presidente da ONG, K-Evolution
Coordenadora do “Consórcio para a Economia Verde“