Todos querem um pedaço daquele que é o grande espaço do mundo, com potencialidades agrícolas, baixa exploração e preços aliciantes.
Os grandes investidores internacionais, as principais corporações da indústria agroalimentar, os fundos de investimento associados a multimilionários e numerosas empresas produtoras de energia estão com os olhos postos nas terras africanas.
O continente tem 12% da área arável de todo o mundo, mas apenas 20% desta está cultivada e só 7% é irrigada. Com o crescimento da população mundial e a mudança de hábitos alimentares de alguns dos países emergentes, a procura de alimentos poderá ser o grande negócio deste século. Existe aqui uma enorme oportunidade de desenvolver e comercializar a produção destas terras, abrindo vastas possibilidades de ganhar dinheiro. Uma gestora de um dos fundos que já está a operar neste mercado admitiu que “as apostas agrícolas em África estão a dar 25% de margem de lucro”.
Segundo a consultora Dalberg, especializada nos mercados africanos, no final do terceiro trimestre deste ano, existiam cerca de 50 fundos de investimento interessados em aplicar verbas superiores a 1,5 mil milhões de euros em terrenos agrícolas naquele continente, ao longo dos próximos três anos. A procura está a avançar em quase toda a África subsariana, mas as preferências dos investidores encontram-se atualmente focadas na África do Sul, Zâmbia, Quénia, Nigéria, Senegal e Moçambique. Desde 2007, foram aprovados 815 novos projetos agrícolas em países da África subsariana.
E muitos dos respetivos promotores arrendaram as terras por. um dólar por hectare ao ano. Mas não são apenas razões económicas que estão por detrás destes investimentos. A Arábia Saudita, por exemplo, um dos maiores produtores de trigo do Médio Oriente, reduziu a sua produção em 12% por ano, transferindo as colheitas para África, de forma a poupar um dos bens mais escassos do país: a água.
E não é só a produção de alimentos que está a provocar esta nova corrida à conquista de terras em África. O aumento do preço e da procura dos combustíveis fósseis também tem a sua quota-parte de responsabilidade neste processo. Uma das maiores procuras de terras em África tem como objetivo a produção de biocombustíveis. Em 2009, estavam plantados, em todo o continente, 14,7 milhões de hectares de palmeiras para produção de óleo de palma, o que corresponde a um aumento de mais de 400% em apenas 20 anos.