Absolutamente mediano – é a conclusão que se pode tirar do lugar ocupado por Portugal na avaliação global da MIT Technology Review. A revista do prestigiado instituto americano põe o País na 30ª posição em 79 países desenvolvidos analisados, no seu Índice de Futuro Verde 2021 (esta é a primeira edição). Mas o resultado é uma mistura de avaliações muito díspares nos cinco parâmetros estudados.
Os melhores resultados do País são em políticas climáticas, com um 17º lugar, e inovação limpa, 25º. Mas as (relativamente) boas notícias terminam aí. Em sociedade verde, ocupamos o 50º, em sociedade verde, o 56º, e em emissões de carbono, o 65º. Ou seja, o 12º pior de todos os países analisados, e o pior entre os da União Europeia e os que têm um rendimento considerado superior. Vinte dos 79 países da lista encontram-se na Europa.
O índice resume assim a posição de Portugal: “Com uma das taxas de crescimento das emissões mais elevadas da Europa e uma utilização modesta de energias renováveis, Portugal tem de traduzir a sua política de preços do carbono e de desenvolvimento sustentável em resultados mais tangíveis.”
Puxão de orelhas
A expressão “utilização modesta de energias renováveis” será talvez a avaliação mais surpreendente, tendo em conta que dois terços da eletricidade portuguesa têm origem em renováveis. O relatório não justifica a conclusão, mas a definição de transição energética dá a entender que a evolução das renováveis está a ser lenta: “Contribuição e crescimento de fontes de energia renováveis.”
O ranking global é liderado, sem surpresa, por países nórdicos: Islândia é o primeiro, seguida da Dinamarca e da Noruega. Do lado oposto está o Qatar, com o Paraguai e o Irão a ocuparem o penúltimo e antepenúltimo lugares.
Julio Friedmann, um dos autores do estudo e investigador sénior do Centro de Políticas de Energia Global da Universidade de Columbia, sublinha a importância de os países serem ambiciosos na redução de emissões de gases com efeito de estufa, para travar as alterações climáticas. “Para onde quer que se olhe, consegue-se medir objetivamente as coisas más que estão a acontecer. É óbvio que os impactos das mudança do clima estão a chegar mais depressa do que o previsto e que são piores do que o previsto.”