Quando Teresa Heinz entrou no salão nobre do Sport Club Português, em Newark, impôs-se o silêncio dos grandes momentos. Para a comunidade lusa, esta era a oportunidade de conhecer uma das mulheres mais ricas e poderosas da América – a portuguesa que poderá ser a futura primeira-dama dos Estados Unidos.
Chegou às duas da tarde, no seu jacto particular, que baptizou de Esquilo Voador, e partiu antes das cinco, rumo a outra angariação de fundos para a campanha presidencial do marido, o democrata John Kerry. Foram apenas três horas de convívio com os emigrantes portugueses – a 11 de Março de 2003 – mas chegaram para alimentar noites inteiras de acesas discussões… até hoje.
A herdeira do império agro-alimentar da Heinz (criadores do famoso ketchup), começou por conquistar simpatias, ao discursar na língua de Camões. Mas gelou a audiência quando confessou não sentir qualquer afinidade com Portugal. «Nasci em Moçambique, sou mais africana. Na verdade, sinto-me afro-americana», disse, esboçando um sorriso. A piada não terá sido entendida por todos – «afro-americano», nos EUA, é sinónimo de «negro», e Teresa é ruiva e sardenta, com uma pele cor de leite.