Ao percorrermos as ruas empedradas da antiga cidade muralhada de Pingyao sentimos que estamos num cenário de um filme.
Com as suas tradicionais casas chinesas (siheyuan), onde nunca faltam os elegantes pátios, com as suas ruas e ruelas rendilhadas de lanternas vermelhas, com os seus templos budistas, colossais muralhas Ming e torres de vigia, Pingyao convida-nos a viajar no tempo e a mergulhar na China antiga, na China do nosso imaginário. É praticamente impossível não nos deixarmos seduzir.
Nem as hordas de turistas chineses, que diariamente invadem Pingyao, em busca do “glamour” da sua China ancestral, nem a plasticidade das suas principais artérias, com as suas encenações das rotinas de outrora, nos desencantaram. É o preço a pagar por se estar numa cidade UNESCO.
E depois de termos estado mais de uma semana na colossal Pequim e na caótica Datong, a cidade antiga de Pyngiao, com somente 2000 habitantes e grande parte das ruas vedadas ao trânsito, foi para nós um verdadeiro oásis de tranquilidade.
Para fintarmos as multidões chinesas, sempre ávidas de uma fotografia ao lado dos escassos viajantes ocidentais, e sentir o verdadeiro pulsar da vida de Pingyao, bastou afastarmo-nos das principais rotas dos tours. Nada que meia a hora a pé não tenha resolvido.
Longe das multidões podemos observar os costumes locais, desde os shows de karaoke de rua aos homens que jogam gamão. E fomos felicitados por desinteressados sorrisos, calorosos “ni hao” por parte dos anciões (olá em mandarim) e tímidos what’s your name? por parte dos mais novos.
E se os nossos dias foram passados a palmilhar Pingyao e a conhecer o quotidiano dos seus habitantes, os serões foram passados a partilhar as experiências vividas na China com outros viajantes.
Davi, um austríaco que nos acompanhava desde Datong, relembrava o mar de gente, o caos organizado que retrata as estações de comboios chinesas com as suas filas intermináveis para as bilheteiras, autênticas serpentes que se estendem muitas vezes até às ruas.
Lucas e Isabella, um casal italiano alojado no nosso hostel, abriam-nos o apetite para Xian, com as suas empolgantes descrições do bairro muçulmano que marca o fim da Rota da Seda, as sensações vividas aquando do primeiro vislumbre do Exército Terracota.
Nós contávamos como havíamos fintado a gigantesca barreira linguística, no apinhado comboio entre Pequim e Datong, recorrendo a uma aplicação do smartphone, a muita linguagem gestual e animadas gargalhadas. Conseguimos assim “conversar”, satisfazer a nossa curiosidade e a das dezenas de pessoas que nos rodearam ao longo das mais de oito horas de viagem.
Viajar não é só explorar, conhecer, sentir, saborear…é também conviver, partilhar. E Pingyao teve os ingredientes todos!
Alexandre e Anabela (VagaMundos)
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