Ao contrário de Budapeste, as ruas de Viena não são bem iluminadas à noite, não se enchem de pessoas, não ganham vida, nem um encanto especial. Aqui, parece que o dia acaba logo que o sol se põe, ou que todos recolhem aos bonitos teatros ou às boas óperas que a cidade oferece.
A única atração (bem) iluminada é a roda gigante da cidade, que nos foi apresentada como a mais antiga da Europa. Claro que não quisemos perder a oportunidade de a ver, mesmo que a sua localização ficasse na ponta contrária do nosso hostel.
Depois de comer aquele que é considerado o melhor bolo chocolate da Áustria, no Café Sacher, que fica no centro da cidade, seguimos de metro até Praterstern, a estação mais próxima da roda gigante, que hoje, por questões de segurança, só tem 15 cabines em funcionamento, ainda que a original tivesse o dobro.
Numa cidade sem luz tornamo-nos mais atentos e desconfiados. Há um certo medo que nos envolve, principalmente por não conhecermos as diversas esquinas que cruzamos ou todas as ruas por onde passamos. Optamos, então, por fazer a maioria do percurso de transportes, evitando a noite cerrada.
Tudo se torna mais complicado quando o ultimo elétrico da noite para a meio do trajeto, e o motorista nos informa que aquela é a estação terminal àquela hora e que temos que apanhar o metro para realizar o resto do percurso. E, de certa forma, tudo nos parece perdido quando, depois do último metro também fazer como o elétrico, e não chegar ao destino, olhamos para o mapa e ainda nem vamos a meio do percurso pretendido. E isto tudo acaba por ser ridículo, quando há (muito) pouca informação acerca destas alterações de destino.
Um pouco desorientados (e desanimados), valeu-nos um jovem espanhol, que vivia com o pai em Viena, e que falava um inglês correto porque a mãe estava nos EUA. “Welcome to Vienna“, disse-nos em tom de brincadeira, enquanto nos explicava quais as alternativas que tínhamos. Não se apresentou, e nós também não nos lembramos de lhe perguntar o nome, mas mostrou-se o mais prestável que pode e acabou por nos deixar numa paragem do circuito de night bus, a única alternativa viável, segundo o jovem espanhol, para além do táxi.
A viver em Viena há 16 anos, para ele, era vulgar este tipo de situações – sabia exatamente para onde seguir quando o elétrico parou, e soube, automaticamente, qual o percurso a fazer depois do metro não chegar à estação terminal. Não nos aconselhou a seguir até ao hostel a pé, mas não por não estarmos numa cidade segura – riu-se até quando lhe perguntamos isso. O conselho prendia-se apenas com o facto da distância até ao destino ainda ser considerável, que, segundo ele, não faríamos em menos de uma hora.
Depois de ver connosco o número do autocarro e o horário do mesmo, o caminho do jovem espanhol (que de espanhol pouco tinha) seguiu outra direção. E nós, depois de 20 minutos à espera, lá fizemos como ele nos indicou e, o que é certo, é que chegámos bem ao destino.