Chegámos a Cuenca ao final da manhã, procurámos um lugar para dormir e largámos as mochilas no hotel. Partimos para conhecer esta cidade que é considerada uma das joias do Equador, graças aos elaborados edifícios de estilo colonial (1 a 3) e às igrejas muito bem conservadas (4 a 6). Durante a tarde, fomos caminhando e observando as bonitas casas com varandas em ferro trabalhado e repletas de flores.
No dia seguinte, partimos rumo a Loja; passámos por esta cidade porque daí era possível chegar a um lugar muito carismático e particular, Vilcabamba.
Esta pequena cidade encontra-se num vale andino, sendo este designado pelos equatorianos como o vale da longevidade, dado que existem muitas pessoas entre os 100 e até 120 anos. Dizem que as causas são o ar puro que ali se respira, a água de muito boa qualidade e a alimentação muito rica em vegetais e frutas cultivados nas margens do rio. Nós comprovámos: enquanto caminhávamos pelas ruas encontrámos pessoas que com toda a certeza tinham uma idade muito avançada e uma energia muito pouco habitual para tal faixa etária.
Vilcabamba é o lugar ideal para descansar depois de muitos dias de viagem com a mochila às costas. Não é um lugar caro, as pessoas são simpáticas, repleto de bons lugares para caminhar que não requerem grande esforço físico, e existe o rio para refrescar os dias mais quentes.
A verdade é que pensávamos ficar dois dias e ficámos cinco.
Caminhámos pelas montanhas que rodeiam o vale (7 e 8), encontrámos lugares bonitos, cheios de riachos, mas infelizmente já não existe flora nativa, pois as montanhas foram convertidas em pastos para vacas. Seria possível chegar a um lugar mais selvagem, o Parque Nacional Podocarpus, no entanto caminhámos 3h dentro do parque, mas não foi suficiente para chegar a lugares mais virgens.
Visitámos também um lugar natural muito interessante, a Reserva Rumi Wilco, uma área natural de tamanho razoável com vários percursos pedestres traçados e onde se pode observar a flora da região e rochas modeladas pela erosão eólica (9). Pegámos no mapa da entrada e fomos percorrendo os referidos trajetos. Foi uma tarde divertida e bem passada onde inclusivamente descobrimos no meio da reserva uma pequena ária (um “vale”) onde existiam centenas de borboletas com asas transparentes, uma verdadeira maravilha (10 e 11).
Durante esse passeio descobrimos uma cabana de madeira (12 a 15), digna de contos de fada, num lugar idílico, virada ao rio (16). A casinha muito simples era, no entanto, um lugar de luxo: apesar de não ter chuveiro na casa de banho, tinha, no jardim, uma espiral com base de pedra, paredes em cana e no centro tinha um chuveiro maravilhoso que apesar de ser ao ar livre era de água quente.
Ficámos tão louco com a reserva, a cabana, o jardim e o rio à sua frente que, apesar de custar 26 dólares por noite (uma verdadeira exorbitância), perdemos a cabeça e decidimos dormir naquele lugar uma noite.
No dia seguinte, bem cedo, já estávamos na cabana com as mochilas e um enorme saco de compras, pois tínhamos muita vontade de cozinhar. Fizemos um empadão de carne e de sobremesa uma soberba mousse de chocolate, com chocolate equatoriano.
Comemos e dormimos como deuses, embalados pelo som da água a correr.
De manhã acordámos num cenário de sonho e, por sorte, foi possível usufruir da cabaninha até ao fim do dia. Comemos, tomámos banhos no rio, relaxámos e descansámos. No final do dia atravessámos a periclitante ponte (17) que atravessa o rio para o lado de Vilcabamba, e aí dormimos na casa de uma simpática velhota por uma módica quantia; na manhã seguinte partimos.
O próximo destino seria o Perú; por isso, de Loja, apanhámos um autocarro para Macará (na fronteira) e de lá para Piura, já no Peru.