Da capital do estado de Chiapas, a grande e barulhenta Tuxtla Gutierrez, partimos para San Cristóbal de las Casas, considerada uma das cidades mais especiais do México. A cerca de 2.250 metros de altitude, esta cidade mostra genuinamente a alma do estado de Chiapas. Bastou que cruzássemos as pequenas, ordenadas e coloridas ruas desta cidade para entendermos a sua magia e encanto.
No centro histórico convergem milhares de telhados de telha (maior superfície coberta por telhas do país) pátios e varandas floridas, fachadas barrocas, construções de estilo neo-clássico, mercados com o espectacular artesanato chiapaneco (explodindo de tons garridos). Os habitantes da cidade sempre simpáticos e amistosos, mantêm-se fiéis à sua cultura e origem usando vestuário tradicional bastante particular.
Junto a um dos mercados mais interessantes de artesanato encontra-se a Iglesia de Santo Domingo, uma das principais obras de arte do barroco centro americano e mexicano, afamada tanto pela sua fachada, como pelos seus retábulos e púlpito dourado no seu interior.
Mas mais fascinante que o estilo barroco, são as pequenas e coloridas casas que tornam as ruas e a cidade numa das jóias deste país tão rico. Passear pelas ruas de San Cristóbal de las Casas é um prazer, assim como assistir ao pôr-do-sol na igreja de Guadalupe, situada no topo de uma colina, com a cidade aos seus pés.
Visitámos duas pequenas aldeias: San Juan Chamula e Zinacantán, localizadas a cerca de 20 km de San Cristóbal. San Juan Chamula foi fundada em 1524 e o aspecto mais relevante desta comunidade é a atmosfera que se vive dentro do seu templo principal, a Iglesia de San Juan Bautista. Nela realizam-se rituais de devoção introduzidas pelos evangelizadores do século XVI adaptados às tradições religiosas mais antigas.
A fachada da igreja é de uma simplicidade e beleza incrível: à volta da porta principal encontram-se três arcos com flores embutidas e pintadas, de todas as cores. No interior encontrámos o chão coberto de caruma de pinheiro, ausência total de bancos e inúmeros santos distribuídos ao longo da nave principal, estando encerrados dentro de vitrinas de madeira.
De joelhos no chão, as pessoas dispõem várias velas de cores e espessuras diferentes (cada tipo de vela tem um significado), rezam e oram em voz alta (quase sempre em indígena) e salpicam as velas com refrescos (coca-cola, cerveja, fanta) em jeito de oferenda aos seus santos.
Zinacantán é uma aldeia de origem tzotzil, neste lugar os azetecas formaram um importante centro comercial, pois aqui vinham buscar produtos muito apreciados e raros como as conhecidas plumas de quetzal, o âmbar e as peles de jaguar. Actualmente os seus habitantes dedicam-se à floricultura e ao cultivo de produtos hortícolas para consumo regional. No interior da bonita Iglesia de San Lorenzo, o ambiente parece ser de festa todo o ano: decorada com milhares de flores frescas, balões e bandeirinhas de todas as cores. Também aqui se realizam os rituais descritos acima, embora aqui não tivéssemos presenciado nenhum.
Aproveitámos para conhecer o único museu da cidade. Uma senhora simpática e bem trajada com os trajes chiapanecos abriu-nos a porta do rudimentar “museu”, uma cabaninha de tecto em colmo servia de abrigo a alguns objectos tradicionais. O livro de registo de visitantes tinha chegado ao fim, como última data o ano de 2004, e há seis anos que permanece naquela mesa sem ser substituído por um novo.
Partimos para San Cristobal para visitar o interessante Museu de Medicina Maia. Um museu pequeno, mas nada decepcionante, e com variadíssimas informações que nos fazem entender a relação dos maias com a natureza, e a forma como a integram no tipo de medicina que praticam. O museu conta ainda com uma farmácia no seu interior, com remédios e mezinhas para todos os males físicos.
Desta inesquecível cidade, partimos para Comitán com o objectivo de observar a cadeia de cascatas El Chiflón e os lagos Montebello.