Para um europeu é surpreendente verificar as feridas abertas entre norte e sul-coreanos. Ao contrário dos alemães da Guerra Fria que, a bem dizer, nunca tiveram uma guerra civil os coreanos nem querem ouvir falar em reunificação. E não é apenas pelo receio de pagar a factura da modernização do Norte: os ódios mantêm-se vivos e o medo do belicismo de Pyongyang faz o resto.
Como nos diz Kim Younghee o editor principal do JoongAng Ilbo, um dos mais influentes diários de Seul, “a reunificação não acontecerá nos próximos 20 anos”. Apesar de tudo, pode visitar-se, na Coreia do Norte (quando a fronteira está aberta…) a região fronteiriça de Gaesung. Fica a uma hora e meia do centro de Seul e há excursões organizadas em autocarro. Ideal para quem quiser experimentar a emoção de aterrar noutro planeta…
COMO IR
As principais companhias aéreas da Europa voam para Seul. Mas não há ligação directa entre Lisboa e a capital sul-coreana. Uma das formas mais rápidas de lá chegar, com tempos de espera, no aeroporto de ligação, inferior a duas horas, é através de Roma, pela Korean Airlines, Roma-Seul-Roma. Mas também pode voar com a KLM (via Amesterdão) ou com a Air France (via Paris).
O QUE SABER
Entrada – Os portugueses portadores de passaporte nacional válido estão isentos de visto desde que a estada não exceda 60 dias e não se destine ao exercício de profissão remunerada.
Língua – A língua oficial é o coreano, mas o inglês é falado na zona central de Seul e nos estabelecimentos hoteleiros de todo o país. Nas principais vias rodoviárias e no metro de Seul há indicações escritas em alfabeto latino (ou romano).
Moeda – A moeda é o Won. Cada 1000 wons valem um euro.
Clima – Temperado, com quatro estações do ano bem definidas. Mas muito quente no Verão e bastante frio no Inverno, altura em que se notam influências dos ventos da Sibéria. No Verão, a poluição pode ser um problema: para além da própria, os ventos ainda trazem a da vizinha China. A melhor altura para visitar a Coreia é entre Abril e Junho.
Transportes – A rede pública de transportes é moderna e funcional. O serviço de autocarros liga os aeroportos aos principais hotéis. A rede do metro, com oito linhas, 287 km e 262 estações, é uma boa opção. Existe uma moderna rede de caminho-de-ferro que liga Seul às principais cidades coreanas.
Comunicações – Os telemóveis portugueses não funcionam na Coreia. É possível alugar telefones móveis no aeroporto e em outros locais.
Conselhos – Aconselha-se um comportamento discreto pois os coreanos, relativamente formais, não apreciam manifestações extravagantes ou demasiado exuberantes. Há que estar preparado para um país com uma cultura muito diferente da nossa e para algumas dificuldades de comunicação (a grande maioria dos coreanos não fala línguas estrangeiras).
PARA VER
O Palácio de Gyeongbokgung, o grande templo budista e o Museu Nacional, um megaedifício que relata a história da Península Coreana, da Pré-História aos nossos dias. Mas Seul dispõe também de mais de 300 teatros, galerias e museus. Vale a pena ir ao Ubiquitous e experimentar como se vive na casa do futuro. Um bom baptismo de tecnologia coreana.
PARA DORMIR
Os hotéis mais centrais são relativamente caros e a maioria pertence a cadeias internacionais. Aconselha-se o Lotte Hotel, considerado um dos melhores do mundo e o único lugar em Seul onde se pode encontrar um vinho português (o Esporão).
Outros recomendáveis são o The Westin Chosun Hotel, o Oakwood Premier Coex Center (na zona da cidade onde os coreanos festejavam as vitórias da sua selecção, no mundial de 2002, portanto uma espécie de Marquês de Pombal lá do sítio) e o Grand Hyatt Seoul.
PARA COMER
Korean Temple (cozinha coreana) – Instalado no bairro típico de Itaewon, de culinária totalmente vegetariana (modelo que domina na cozinha coreana), oferece um festim de sabores requintados. É um espaço diferente, com galeria, artesanato e um espectáculo de folclore coreano. Mas não é um restaurante para turistas pois tem uma ampla clientela local. Bem patentes os segredos da culinária dos mosteiros budistas, que o proprietário e chefe de cozinha, senhor Kim Yon Shik, autor de três livros de culinária vegetariana, trouxe dos seus anos de juventude como monge.
Top Cloud (cozinha internacional) – Requintado, é o restaurante mais badalado da actualidade. Está, como o nome sugere, acima das nuvens, instalado no último andar da torre Jongno, um dos edifícios mais modernos e belos da cidade e até as casas de banho têm uma vista de cortar a respiração. Come-se bem e bebe-se melhor. Os coreanos, especialmente os das gerações mais novas, são doidos por vinhos, uma moda recente. E o Top Cloud tem uma das melhores garrafeiras da cidade.
Italonia (cozinha italiana) – Os restaurantes italianos são extremamente populares em Seul. Por dois motivos: pela comida, genuinamente italiana e muito apreciada pelos conhecedores consumidores locais, e pela garrafeira, sempre bem preenchida com vinhos de todo o mundo Itália, em primeiro lugar, mas também a França, a Califórnia, o Chile, a África do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia e, até, em menor número, a Espanha. Entre os italianos, o Italonia é um dos mais famosos e melhor recheados.
PARA COMPRAR
Yongsan Electronic Complex Center – Um paraíso para os amantes da electrónica. Cinco pisos amplos de computadores, câmaras de vídeo, máquinas digitais, telemóveis e gadjets para todos os gostos, todas as bolsas e necessidades. Mas, de um modo geral, a preços muito baixos, para o que estamos habituados. Cá fora, uma rua inteira de lojas de marcas de electrónica.
Itaewon e Insandong – Duas zonas da cidade com características similares. Artesanato, lembranças, roupas, sapatarias e cabedais. Tasquinhas com petiscos, pavilhões de chá e ruas só para peões. Umas tardes bem passadas.
Centro MESA – Para compras genéricas, um shopping center idêntico ao que estamos habituados em Portugal, mas com uma gama bastante mais alargada de marcas e produtos.
Namdaemun Market – Muito barato, é, em Seul, o paraíso do regateio, para quem gosta do género. E há lá de tudo: no anedotário local, diz-se que “até tanques de guerra”.
ONDE IR Á NOITE
Myng Dong – Para os mais jovens: eventos, música e compras.
Namdaemun – Além do mercado, de que falámos antes, e que também funciona à noite, tem pitorescos bares.
Hangdae – Zona de discotecas na onda dos ritmos ocidentais: trance, house music e hip hop.
Wolfhound – Fora da Irlanda, é um dos melhores bares irlandeses do mundo.
Itaewon – Além do mercado e das lojas, tem bares e discotecas. Muito frequentado pelo contingente americano na Coreia.
Insandong – Para além do mercado, é uma zona de bares, clubes, discotecas e karaoke. Vale a pena saltitar de “capelinha em capelinha”.