A modelo e ex-refugiada sudanesa Adut Akech, que se destacou por ter sido a segunda mulher negra a fechar um desfile da Chanel, está a acusar a Who Magazine de racismo, depois de a revista ter publicado uma entrevista sua com uma fotografia de Flavia Lazarus, uma outra modelo.
Adut Akech partilhou na sua conta de Instagram a indignação que sente pelo erro da publicação semanal. “Para quem não sabe, na semana passada, a @whomagazine (Austrália) publicou um artigo sobre mim. Na entrevista, falei sobre como as pessoas vêem os refugiados e da atitude das pessoas relativamente à cor, no geral. A acompanhar o artigo, veio uma foto grande que eles referiram ser minha. Mas era de outra rapariga negra”, lê-se na publicação, com uma imagem da entrevista.
“Isto chateou-me, deixou-me com raiva, fez-me sentir muito desrespeitada e para mim é inaceitável e indescupável, sejam quais forem as circunstâncias”, continua, referindo que o insulto foi feito a toda a raça negra, principalmente por tudo o que a modelo defendeu na entrevista. “Quem fez isto claramente pensou que era eu naquela foto e isso não é correto (…) Isto vai contra aquilo que eu defendo e falei durante a entrevista. Mostra que as pessoas são muito ignorantes e de mente fechada, porque acham que todas as raparigas negras ou africanas são parecidas”, escreve a modelo, que afirma que o mesmo nunca aconteceria com manequins brancos.
Akech acrescenta, ainda, que não pretende destruir a reputação da publicação, já que foi feito diretamente um pedido de desculpas, mas que é importante debater esta questão, uma vez que a afetou “profundamente”. A modelo apela, ainda, a que as grandes publicações como a Who Magazine verifiquem os artigos antes de os publicarem. “Austrália, tens muito e melhor trabalho para fazer”, remata.
Aos 19 anos, Adut Akech já desfilou para marcas como a Chanel, Alberta Ferretti, Valentino, Alexander McQueen, Loewe e Givenchy e foi capa de várias edições da Vogue, como a italiana e a britânica.
Apesar de ter nascido no Sudão do Sul, a modelo passou os primeiros oito anos da sua vida no campo de refugiados de Kakuma, na fronteira entre o Quénia e o Uganda, antes de emigrar para a Austrália. No campo, foi a única de cinco irmãos que pôde frequentar a escola. Numa entrevista à Vogue Itália, contou que aproveitava “a luz do dia para praticar já que de noite só havia uma lâmpada a óleo”. Ainda passou por outros campos de refugiados da ONU até chegar àquele que mudou a sua vida, na cidade de Adelaide, Austrália.
Estreou-se como modelo aos 16 anos, depois de assinar pela agência Chadwick Models, em Sidney. O primeiro desfile foi pela Saint Laurent, em Paris, para a coleção primavera-verão 2017. Nessa cidade, assinou pela Elite Model Management e, desde aí, não parou mais.