Lisboa é uma cidade difícil. Quem o diz é Eric Wang, co-fundador e CEO da Wind, uma das várias empresas de aluguer de trotinetes que já chegou a Portugal. Apesar do número cada vez maior de ciclovias e de passeios com o solo liso na cidade, a calçada ainda predomina no que diz respeito ao espaço para circulação de peões. A alternativa é a estrada, o que não é muito seguro.
Mas não é por isso que as mesmas não têm tido sucesso. Não são estudos que o dizem, porque o fenómeno ainda é recente e as estatísticas de analistas independentes ainda não chegaram. Ainda assim, o transeunte atento nos centros urbanos consegue facilmente avaliar pela quantidade, tanto espalhadas em descanso, como em utilização.
Joe Kraus, presidente da Lime, uma das empresas com mais trotinetes em Portugal, disse que já viu pessoas a adotar técnicas para lidar com o piso empedrado: “O mais simples é apoiar-se na ponta dos pés”. Desta forma o utilizador “não consegue sentir tanto as pedras.”
E as próprias empresas, o que têm feito para contornar o problema do piso irregular? Rodas maiores, suspensões mais robustas, duas alterações que não resolvem mas facilitam a mobilidade.
As mudanças também fazem face a outros problemas: os novos modelos são mais pesados para dificultar o roubo, travões mais desenvolvidos para aumentar a segurança, entre outros. Se a moda das trotinetes veio para ficar, ainda não sabemos. Mas que os empresários estão atentos às necessidades, sem dúvida.
O que também não ajuda é o relevo, principalmente na cidade de Lisboa. Construída sobre colinas, as súbidas mais íngremes são muitas vezes verdadeiros obstáculos para a circulação das trotinetes, que não têm força suficiente para carregar o utilizador. Muitas críticas feitas nas lojas de aplicações (Google e App Store) vão precisamente nesse sentido.
De modo geral, e apesar das dificuldades de adaptação às cidades, será que as trotinetes estão a ser uma boa solução para a mobilidade e para o ambiente? A reportagem da Exame, publicada em maio, poderá responder-lhe.