Este é Cristiano Ronaldo, daqui a muitos anos, transformado pela aplicação do radialista Rodrigo Gomes:
A brincadeira é tentadora e várias pessoas quiseram experimentar com os seus próprios rostos. O que muitos talvez não pensaram foi no preço a pagar por este serviço. Isto porque a app é gratuita em qualquer loja (Android ou Iphone), mas como se costuma dizer em economia, não há almoços grátis.
O que é que a Wireless Lab, a empresa russa que criou a aplicação, “pede” em troca desta ferramenta? Algo que nos dias de hoje pode valer mais do que dinheiro: os nossos dados. E fá-lo de forma direta e clara, através da sua política de privacidade: “Nós podemos partilhar alguma informação com empresas de publicidade parceiras” lê-se na Política de Privacidade da FaceApp. Desconhecendo quem é a empresa criadora da app (muito menos os seus parceiros) a condição abre todo um leque de possibilidades de partilha da informação recolhida.
No último ano, a Europa tem-se focado em desenvolver legislação relativa à proteção de dados em ambiente digital. A FaceApp, cuja empresa criadora está sediada na Rússia, parece estar ciente das dificuldades jurídicas que poderá encontrar e defende-se desta forma: “Se estiver na União Europeia ou noutra região com leis que regem o armazenamento de dados e o seu uso que possa diferir da legislação dos EUA, por favor note que podemos transferir informações para um país e jurisdição que não tenha a mesma proteção de dados e leis como a sua jurisdição”.
O documento prevê ainda que “ao registar-se e usar o serviço está a concordar com a transferência (…), o uso e divulgação de informações sobre si conforme descrito nesta Política de Privacidade”.
As informações dos quais o documento fala são de vários géneros. Primeiro, as fotografias, não só aquelas que utiliza na app, mas todas aquelas que guarda no telemóvel. Ao permitir que o servidor tenha acesso às suas fotografias, está a deixa-lo chegar não só às que escolhe para editar como a todas as outras que não escolheu mas que estão disponíveis no seu telemóvel.
E essa permissão foi concedida diretamente por si sem rodeios nem esquemas secretos. Para além das fotografias, existem mais dados a que a app tem acesso e permissão para utilizar segundo a sua Política de Privacidade: “Estas ferramentas reúnem informações enviadas pelo seu dispositivo ou pelo nosso serviço, incluindo as páginas Web visitadas e outras informações que nos ajudam a melhorar o serviço”.
Portanto, a juntar às suas fotografias, também o seu histórico de pesquisa e navegação na internet é disponibilizado aos criadores da aplicação. Vários especialistas estão a alertar para o quão vaga e permissiva é a política de privacidade da FaceApp. A grande dúvida permanece: a quem estamos a oferecer inconscientemente a nossa informação pessoal?
Ainda vai a tempo de ler a Política de Privacidade da FaceApp aqui.