No princípio era o Snapchat. E os mais novos adoraram a sua vertente Missão Impossível as informações autodestruíam-se depois de lidas.
Foi por causa dessa funcionalidade que o Snapchat cresceu: os posts não duram mais do que 24 horas. A aplicação tem hoje 700 milhões de utilizadores, 86% deles com menos de 35 anos. Tornou-se, por isso, muito apetecida, a ponto de o Facebook tentar comprá-la por 2,8 milhões de euros (vale 25 milhões). Não conseguiu, e então decidiu contra-atacar com as mesmas armas, fazendo do efémero a nova tendência das redes sociais.
Primeiro, criou a “tua história” no Instagram (150 milhões de pessoas por dia usam-na). A seguir fez o mesmo no Whatsapp (“os meus estados”), e mais recentemente abriu essa possibilidade ao Messenger e ao próprio Facebook, sempre em versão mobile. Em todas estas funcionalidades, a filosofia assenta em conteúdos temporários, constituídos por fotografias e vídeos de 10 segundos, mais ou menos animados.
Um dia depois apagam-se e resta o vazio.
“Este formato das histórias funciona muito bem, porque torna a experiência mais visual e aproxima-a da conversa humana, ao desaparecer”, nota Luciano Larrossa, especialista em redes sociais.
Além disso, refere, não há julgamentos públicos, porque mesmo que queiram responder à nossa história mais ninguém vê esse comentário, nem a lista de pessoas que espreitam essas imagens ou vídeos. Apesar de todas estas vantagens ligadas à privacidade do utilizador, Luciano duvida que as histórias no Facebook funcionem tão bem como no Instagram, porque a rede social criada por Zuckerberg está cheia de pessoas mais velhas. Trata-se de um público que não estará tão à vontade com emissões em direto, filtros animados, uma comunicação mais ágil e a filosofia do efémero.
Além das questões da privacidade e da leveza das publicações, a segurança também aparece como uma vantagem nesta nova era digital. Como se sabe, o que se publica na internet já não sai, com todos os inconvenientes que isso acarreta. Só que hoje a coisa já não funciona bem assim: o Right to Be Forgotten é uma realidade quando as pessoas pedem, as empresas têm de limpar os conteúdos que lhes dizem respeito.
Daí que estes posts que se apagam em 24 horas sejam atraentes do ponto de vista da segurança e do rasto digital que não se deixa. Pedro Veiga, coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança, considera mesmo que “diminuem brutalmente a visibilidade de informações indesejadas na internet.” A publicidade também já se expandiu para as stories. Embora de forma limitada, porque o formato ainda não permite links, resolve-se um problema de espaço para os anúncios virtuais o Facebook e as outras redes começam a ficar saturadas. Só vantagens?