A expressão popular diz que “gostos não se discutem”, mas quando alguém diz que os coentros sabem a sabão, é natural que se franzam alguns sobrolhos. Mas há um estudo que mostra uma possível explicação do fenómeno, ao descobrir duas variantes genéticas associadas à perceção do sabor da erva aromática, sendo a mais comum um gene associado à deteção de cheiros.
Para a investigação, publicada na Nature, foi perguntado a cerca de 30 mil pessoas se gostavam ou não de coentros e se lhes sabia a sabão. O estudo, liderado pelo investigador norte-americano Nicholas Eriksson da empresa dedicada à genética 23andMe, concluiu que a variante mais forte é associada ao conjunto de genes dos recetores olfativos. Um desses genes, o OR6A2, é um gene muito sensível aos aldeídos, os compostos químicos que atribuem aos coentros o seu sabor singular.
Segundo Eriksson, quase metade dos europeus possui duas cópias desta variante. Deste grupo, 15% associam o sabor dos coentros ao do sabão, um valor que desce para os 11,5% no caso dos europeus sem qualquer cópia da variante genética. A diferença pouco significativa leva o autor do estudo a concluir, em declarações ao blogue The Salt da NPR que a aversão aos coentros é apenas, em parte, determinada pela genética.
Outro estudo sobre a aversão aos coentros foi publicado na revista Chemical Sciences que reuniu respostas de 527 gémeos sobre o seu gosto pela erva aromática. Os resultados dessa investigação concluíram que existem três genes que influenciam diretamente a perceção de uma pessoa sobre o sabor dos coentros: dois estão relacionados com a degustação de alimentos amargos e outro com a de sabores picantes, como o wasabi.