Os resultados são ainda provisórios e “falta afinar o peso relativo” de cada uma das novas forças no Parlamento. Certo é que “há margem e responsabilidade para fazer todos os diálogos” para negociar um apoio ao PS, diz José Manuel Pureza à VISÃO, sem concretizar até onde o Bloco de Esquerda pretende ir – negociar ou não uma entrada no Governo, eis a questão.
Só depois de os resultados finais estarem apurados, quando for claro quanto pesa cada um dos partidos no próximo Parlamento, é que o Bloco dá respostas definitivas. “Isso”, ressalva José Manuel Pureza em declarações à VISÃO, “é decisivo” para o Bloco de Esquerda pensar “o que vai fazer com estes votos”. Mas já estão definidos os pontos essenciais para um debate com o PS que permita chegar a acordo: legislação laboral, investimento público e políticas de resposta às alterações climáticas.
Há uma “atitude de princípio” que o Bloco de Esquerda tem manifestado e que o coloca como terceiro partido da Assembleia da República, com abertura para “encontrar soluções”. Que tipo de “soluções”, Pureza não concretiza. “Se daí vai resultar qualquer forma de interlocução ou se vai ser de outra maneira”, só esse diálogo dirá, diz o dirigente do Bloco de Esquerda.
Certo, para já, é que “os resultados provisórios apontam no sentido de uma disponibilidade para dialogar na base de medidas muito concretas”, sobretudo naquelas três pastas concretas. “Qualquer Governo responsável tem a responsabilidade de colocá-las como questões essenciais”, diz Pureza à VISÃO.
Os resultados ainda provisórios colocam o Bloco de Esquerda na terceira posição parlamentar, atrás do PS e do PSD. Mas também mostram um Parlamento mais plural e um PS eventualmente dependente de apenas um outro partido. José Manuel Pureza recusa a ideia de que isso retire força negocial ao Bloco. A força negocial vai, no entanto, “depender de configuração final e do peso percentual” dos diferentes partidos.