<#comment comment=”[if gte mso 9]> Normal 0 21 false false false PT X-NONE X-NONE MicrosoftInternetExplorer4 1 António Costa definiu uma estratégia clara para conseguir carregar às costas, até às eleições, a cruz da prisão de José Sócrates. Inspirando-se, talvez, na solução do governador do Banco de Portugal para o imbróglio do BES, fez uma divisão entre “o banco bom” e o “banco mau”. Isto é, entre o Sócrates “bom” e o Sócrates “mau”. Do lado do bom, os ativos que pretende valorizar da herança dos governos Sócrates: o plano tecnológico, a aposta na Educação e na inovação, o investimento público estratégico e, até, o controlo do défice antes da crise de 2008. E este é o lado da política, que exibirá sempre que lhe falarem do passado e da recuperação que, em dado momento – abruptamente interrompido pela detenção do ex–primeiro-ministro… – fez do “socratismo”.
Do lado do mau, os ativos tóxicos: a indiciação do camarada por fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capitais e a sua prisão preventiva, em Évora. E este é o lado da Justiça, que invocará sempre que os adversários quiserem trazer o caso à colação política.
É um exercício difícil. Tão difícil como separar, no BES, o banco bom do banco mau. Primeiro, porque existe uma série de “acionistas” e “investidores” que, sentindo-se lesados, não aceitam de bom grado tal separação. Estão neste grupo Mário Soares e os amigos e apaniguados, o que inclui figuras insuspeitas de confundir justiça com política – vejam-se as declarações de um ex–ministro da Justiça, Vera Jardim, esta semana, que até admitiu, em certos casos, a violação da lei para que alguém possa defender o seu bom nome… Depois porque há uma multidão de “clientes” – o eleitorado – que precisa de recuperar confiança antes de manter ou confiar as suas “poupanças” – os seus votos – ao banco bom que António Costa, agora, representa.
Neste quadro, as episódicas comunicações de Sócrates a partir da cadeia são um sério aviso a Costa e ao PS: ele quer mesmo ser tratado como um “preso político”. Sócrates reitera, cada vez mais veementemente, que o seu é um processo político e não puramente judicial. O seu abraço asfixiante procura envolver Costa, o PS e os socialistas nessa causa. Ou, por outras palavras, já que não tem nada a perder, “que se lixem as eleições”.
E foi assim que José Sócrates se tornou uma bomba relógio pronta a explodir no Largo do Rato. A atitude de Costa parece ser a de ignorar tais apelos e esperar que a banalização das declarações do recluso 44 acabem por lhe retirar impacto, influência e notoriedade pública. No fundo, isolar Sócrates. Resta saber até que ponto essa estratégia é tolerada pelos afetos e emoções do povo socialista. Que é bastante menos frio do que o seu novo líder.
2 Realçando a importância de assegurar a independência da magistratura judicial, o Sindicato dos Magistrados Judiciais exige que os juízes recebam um “subsídio de exclusividade”. Perdão? Senão, o quê? Vão fazer julgamentos para a privada? Ou ameaçam arranjar uns biscates de carpintaria? Mas o que poderão fazer que seja incompatível com a função? Aliás: Com tanta morosidade na Justiça onde vão arranjar tempo para não serem… “exclusivos”? Claro que os restantes sindicatos da Função Pública já ponderam ter direito a subsídio equivalente. Portanto, o que se pretende é que os funcionários, além de ganharem um ordenado por trabalhar para o Estado, ganhem um subsídio por… trabalhar para o Estado. Parece uma coisa à grega.
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