Daqui a 30 anos, oito em cada dez pessoas viverão em zonas urbanas, com uma concentração brutal em grandes metrópoles. É verdade que esta dinâmica centrípeta é já parte da história do presente, ou mesmo dos últimos 30 anos – para coincidirmos com a celebração do aniversário da nossa querida VISÃO ou até da explosão da globalização económica com expressão na urbanização galopante das metrópoles asiáticas, latino-americanas e africanas –, mas o que teremos pela frente é de uma escala avassaladora.
Daqui a 30 anos, seremos mais dois biliões no mundo, metade desse crescimento concentrada em apenas nove países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão, Etiópia, Tanzânia, EUA, Uganda e Indonésia. Grosso modo, 80% da população africana, latino-americana e até na União Europeia viverá nas cidades, algumas delas, como Lagos ou Kinshasa, palcos de expansão única em tão pouco tempo, fruto de migrações internas, procura de emprego, alterações climáticas, insegurança, forçando uma intensa pressão urbanística, mais consumo de energia, pressionando a oferta de serviços básicos, a sobrecarga nas cadeias de distribuição alimentar, obrigando as instituições políticas a respostas rápidas e sustentadas, nos transportes, educação, saúde e habitação, cuja ineficácia será alvo de protestos em massa, numa escala totalmente nova de descontentamento. Estamos a falar de autênticas cidades-estado, com competências e orçamentos colossais nos respetivos sistemas políticos, o que confere aos líderes locais um papel potencialmente conflitual com as autoridades nacionais, dando-lhes também outro estatuto na política internacional.
