As últimas semanas têm sido ricas na diplomacia mundial. Percorre geografias dispersas como tabuleiros de ação, dirige sinais para a região, mas também para fora, procura a afirmação política, militar ou económica dos seus intervenientes, reacende os méritos dos contactos presenciais pós-pandemia, e sobretudo procura aproveitar as incertezas e as oportunidades que o atual contexto geopolítico tem promovido.
Um dos exemplos mais interessantes de acompanhar é o Reino Unido. Apesar da pouca experiência em política externa do primeiro-ministro, Rishi Sunak tem surpreendido pelo pragmatismo. Desde logo, por recompor as relações com a França, depois de a sua antecessora ter deixado na dúvida o estatuto de Paris, se aliado ou adversário. Pode dizer-se, com justiça, que o tema da imigração no canal da Mancha foi o motivo preferencial da cimeira e que as soluções estão longe do humanismo mínimo exigido, mas era importante não deixar cair uma relação bilateral depois do Brexit, essencial à segurança europeia sob ameaça. Quase em simultâneo, Londres renegociou com a Comissão Europeia o acordo para a Irlanda do Norte, num gesto de recuperação da confiança mútua, a dois meses dos vinte e cinco anos do Acordo de Belfast, indo ao encontro da pressão de Washington que condicionou qualquer acordo de livre-comércio com Londres à existência de garantias para a Irlanda do Norte, assim como uma visita de Joe Biden nos próximos tempos.