Recuperando um argumento da semana passada para dissecar os termos da relação entre a China e a Rússia, podemos dizer que ambas encontram vantagens nos esforços revisionistas de imponência territorial, populacional, energética e militar, os quais darão, no entender de Putin e de Xi, a profundidade estratégica indispensável para dividir o Ocidente e mobilizar o resto do mundo.
No entanto, apesar dessa manifesta proximidade, a guerra na Ucrânia provou não existir uma verdadeira aliança sino-russa, no sentido em que o envolvimento de um no conflito não implicou igual comportamento do outro. A solidariedade chinesa tem passado mais por um arco de justificações políticas, apontadas sobretudo aos EUA e à NATO, do que propriamente militares, tendo estas um carácter mais desconfortável para Pequim, que diverge da conduta russa ao invadir grosseiramente um Estado soberano, apesar de não ter impedido tal ato.