Independentemente da recente destruição da ponte na Crimeia, Putin teria sempre uma única opção para responder à reconquista territorial ucraniana, alguma já em zonas anexadas pela Rússia: ataques em força e dispersos, de forma a reintroduzir um arco alargado de ambição militar perdido nos últimos quatro meses. Este passo natural não deve surpreender ninguém atento ao evoluir das várias fases do conflito e, sobretudo, ao cerco em que Putin se colocou.
A resposta mais importante que o Kremlin deu foi a nomeação do general Sergey Surovikin para comandante de todas as tropas na Ucrânia, ele que até aqui tinha apenas o comando da frente sul. A confiança neste homem não poderia ter outro efeito senão dar-lhe carta branca para fazer o que sabe melhor: destruir tudo o que lhe aparece, sem dó nem piedade. É isto que estamos a voltar a assistir ao fim de alguns meses, retomando iniciativa militar implacável na esperança que vergue a moral ucraniana e reverta os decisivos apoios ocidentais, em particular norte-americanos. As próximas semanas serão decisivas na avaliação destas duas frentes: que capacidades militares terão os russos; que resistência auxiliada terão os ucranianos.