Talvez não seja a faceta mais conhecida de Jean Monnet, um dos grandes europeus do século XX, mas a sua estadia em Washington durante os anos da II Guerra Mundial acabou por mudar o destino da Europa. A arte, o engenho e a visão de Monnet facilitaram a sua integração no círculo próximo do Presidente Roosevelt, num país já a braços com o America First, acelerando investimentos no esforço de guerra britânico, na renegociação da dívida francesa e no compromisso público norte-americano com a democracia na Europa. Vale a pena destacar três desses momentos estruturais de que ainda hoje beneficiamos.
O primeiro, quando o Tratado de Washington, fundador da NATO em 1949, foi acompanhado pelo processo democrático de constituição da República Federal da Alemanha, depois da fusão das três zonas de ocupação ocidentais, o que fez da Aliança Atlântica e da República Federal dois pilares da nova ordem transatlântica. A garantia norte-americana fora imprescindível para que França desistisse do desmembramento da Alemanha e revisse a sua estratégia, traduzida na proposta de Robert Schuman, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, de criação da comunidade do carvão e do aço, dando início ao processo de integração europeia. A Declaração Schuman, de 9 de maio de 1950, só foi possível porque a presença militar norte-americana na Europa impedia a ressurgência de uma Alemanha hegemónica, quadro que iria definir as décadas da Guerra Fria.
