Querem saber qual é a verdadeira dimensão do desemprego na Europa? Então, por uma vez, vamos lá esquecer-nos das taxas e das percentagens divulgadas pelo Eurostat e vamos lá fixar-nos no mapa da União Europeia, na sua geografia, nas suas populações. Peguemos, então, em 13 cidades europeias, daquelas que todos gostávamos de visitar ou de regressar um dia. Cidades com nomes poderosos, capitais dos seus países e com legados repletos de significado na História comum do continente: Londres, Berlim, Madrid, Roma, Paris, Budapeste, Viena, Varsóvia, Amesterdão, Praga, Estocolmo, Helsínquia e Lisboa. Vejamos, agora, quantos habitantes estão referenciados dentro dos limites oficiais de todas essas cidades: qualquer coisa como 26,5 milhões de pessoas. O número parece familiar, não é? Pois, não admira: é sensivelmente o mesmo número de desempregados (26, 588 milhões) que o último boletim do Eurostat encontrou entre os 27 países da União Europeia.
Alguém é capaz de imaginar aquelas 13 cidades habitualmente alegres e vibrantes transformadas em urbes tristes e angustiadas, com toda a sua população (neste caso, incluindo crianças e idosos!) impedida de trabalhar e dependente da solidariedade? É uma imagem terrível, claro, mas não fui eu que inventei os números. Podia, simplesmente, citar o relatório do Eurostat e referir que o desemprego entre os 27 países da União Europeia é de 11% (e de 12,2% nos 17 países da zona euro…), mas isso já todos sabíamos. O que desconhecíamos – eu, pelo menos, até ter começado a fazer contas… – era que o número de desempregados da União Europeia é equivalente a 13 “buracos negros” em 13 capitais europeias (e os mais de 950 mil desempregados registados oficialmente em Portugal são também mais do que a soma de todos os habitantes das duas maiores cidades do País: Lisboa e Porto).
A partir de agora, o Eurostat que me desculpe mas é assim que vou começar a olhar para as estatísticas do desemprego: colocando buracos negros sobre as cidades que vão desaparecendo (também o poderia fazer sobre países, já que os tais 26,5 milhões representam a soma das populações de nove nações europeias: Portugal, Chipre, Eslovénia, Estónia, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo e Malta…)
Se tudo continuar como no último ano, até já sei onde ficará a próxima marca, dentro de 12 meses: em cima de Bucareste e dos seus 2 milhões de habitantes. Não me falem é mais de taxas e de percentagens.