A disputa à direita está ao rubro. Rui Rio teve uma derrota inédita no Conselho Nacional e Paulo Rangel parece lançado, somando apoios na sua candidatura à liderança. Dia 4 de dezembro o PSD terá eleições diretas, e até lá ambos estão em campanha interna em busca de votos. Esta semana, Rangel falou à VISÃO numa longa entrevista com vários temas e revelações, que estiveram em análise no Olho Vivo.
“Não são favas contadas, ganhar as diretas não é a mesma coisa do que conseguir uma vantagem no Conselho Nacional. Mas Rangel tem algo que marca uma diferença enorme face a Rui Rio, que foi errático: uma estratégia, propostas e ideias claras, que dizem qualquer coisa às pessoas. Ver clareza de ideias no PSD é algo de muito refrescante”, disse Mafalda Anjos, diretora da VISÃO.
Nesta entrevista, Rangel demarca-se de quaisquer acordos com o Chega, mas não se demarca deste eleitorado. “Uma coisa é o Chega e os seus dirigentes, outra coisa são os seus eleitores, que quer ir buscar, não alienando a direita”, analisa Mafalda Anjos.
E, de uma peneirada, dispara contra Ventura e António Costa. “Paulo Rangel estabelece uma linha muito definida a marcar as diferenças entre PS e PSD, conseguindo, ao mesmo tempo, fazer a quadratura do círculo de demonstrar que o Chega é dispensável para as contas da direita. E encosta o primeiro-ministro a André Ventura, o seu aliado objetivo…”, explica Filipe Luís, editor-executivo.
Em análise esteve também o tema do Orçamento do Estado, um imbróglio de muitos milhões e muitos fossos. Serão eles grandes demais para serem ultrapassados, ou a crise política não está aí ao virar do mês?
As negociações do OE 2022 continuam entre o Governo e a esquerda, mas não parece que estejamos mais próximos de um acordo e uma aprovação. “Falou-se muito da mexicanização do regime político português. Mas o que temos é um impasse mexicano. Três pessoas a apontarem pistolas umas às outras. A primeira que dispare sabe que vai morrer a seguir, mas também não consegue sair dali porque está cercada”, diz o jornalista Nuno Aguiar, em relação às posições de PS, BE e PCP. “Disparar seria provocar eleições, sabendo que provavelmente serão prejudicados. Mas também não conseguem recuar, porque seria voltar a adiar um problema.”
“O Churchill ganhou a guerra e, a seguir, os ingleses decidiram que havia ‘novos tempos’ e perdeu as eleições. Vencida a pandemia, os partidos à esquerda devem olhar com muita atenção para as movimentações à direita…”, diz Filipe Luís.
Outros temas em análise foram a subida dos preços dos combustíveis, a saída de Angela Merkel e os novos Climate Papers.
Para ouvir em Podcast