A situação pandémica volta a preocupar os especialistas, com uma quarta vaga notória, sobretudo em Lisboa, a desenhar-se no horizonte. A nova variante Delta, 60% mais contagiosa, está já com transmissão comunitária e os hospitais começam a acusar a pressão e aumento dos internados. As boas notícias são o aumento da vacinação e o muito menor número de mortes. Mas a mensagem política nem sempre é clara.
“A incoerência dos sinais que vão sendo dados é que nos devia preocupar. Os festejos do Sporting, as imagens dos adeptos ingleses no final da Champions, arraiais de partidos e algumas declarações infelizes de responsáveis políticos criam um ambiente de descontração que contrasta com aquilo que devíamos estar a fazer agora. Parece que todas as mensagens são de que não há motivo de preocupação”, sublinha Nuno Aguiar, jornalista da VISÃO e da Exame.
Perante problemas mais delicados ou comprometedores – caso das escaramuças entre delfins ou eventuais sucessores, como Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Mendes – António Costa prefere pairar por cima ou passar ao lado, como se nada fosse. “Tem a política de sorrir e acenar, como os pinguins de Madagáscar”, diz Filipe Luís, editor-executivo.
“António Costa tem neste momento muitas guerras entre mãos – o combate à pandemia, a presidência do Conselho da UE – e está a descurar na avaliação do impacto de algumas das decisões de política interna e a perder o que sempre foi um dos seus trunfos: a sensibilidade política. Isso viu-se nas comemorações do 25 de Abril, não tanto pela escolha de Pedro Adão e Silva, mas pelo processo onde faltou a procura de consenso político, a escolha de Ana Paula Vitorino para a regulação dos transportes, os conflitos internos que não está a saber gerir, os ministros que segura a todo o custo (como Eduardo Cabrita) e as falsas partidas no Porto”, sublinha Mafalda Anjos, diretora da VISÃO.
Outros temas em análise neste programa de comentário político e económico da VISÃO foram os contornos e impactos políticos do Russiagate, o video do diretor de recursos humanos da TAP a recrutar em Madrid, o dinheiro da bazuca europeia a chegar e o falso impacto do gesto de Ronaldo no Euro2020 nas ações da Coca-Cola.
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