Em novembro de 2020, por fusão de três instituições – PME Investimentos, IFD e SPGM -, nasceu o Banco Português de Fomento.
Na sua missão, o Banco visa “apoiar o desenvolvimento económico e social de Portugal, através da criação e disponibilização de soluções inovadoras, competitivas e adequadas às necessidades e desafios do ecossistema empresarial, potenciando a capacidade empreendedora, o investimento e a criação de emprego, e promovendo a sustentabilidade e a coesão económica, social e territorial do País.”
São objetivos importantes – crescimento, sustentabilidade e estabilidade – que esperemos que ajudem ao desenvolvimento económico e social do País, apoiando projetos e soluções inovadores, reforçando a tesouraria das empresas, aumentando o potencial verde e digital da nossa economia, e ainda (e muito importante!), oferecendo às empresas condições competitivas face às da banca comercial.
Ora, quando falamos destes objetivos, pensamos em projetos arrojados, diferenciadores, feitos com as melhores práticas internacionais, que gerem emprego de qualidade e com um impacto social positivo. Não sendo exclusivos de jovens, estes são, geralmente, projetos liderados ou iniciados por jovens. Pensemos em projetos na área digital e no âmbito da sustentabilidade para percebermos como é comum encontrar jovens a liderar e a avançar com ideias inovadoras.
Da formulação da missão, dos objetivos do banco, mas acima de tudo, das linhas de apoio e soluções de financiamento que vão ser lançadas inicialmente, não é claro se existirão linhas específicas e soluções de apoio direcionadas para jovens empresários, para jovens empreendedores e para empresas startup que precisem de músculo financeiro para crescer o seu modelo de negócio.
Recentemente, o Ministro das Finanças afirmou que “um mandato verde é parte integrante da missão” do Banco Português de Fomento e que esta instituição “pode contribuir para colmatar as lacunas do financiamento verde”. Se este mandato é consensual, também é urgente que, num país em que 1 em cada 4 jovens estão sem emprego (a taxa de desemprego jovem é três vezes mais elevada do que a taxa de desemprego geral), todas as oportunidades para garantir a inserção de jovens na economia sejam aproveitadas. Um Banco de Fomento tem de ter os jovens como uma das suas prioridades.
Em fevereiro deste ano, na Assembleia da República, questionei o Ministro da Economia sobre a necessidade de o Banco de Fomento não esquecer os jovens, acreditar nas novas gerações, demonstrar que o País está ao lado dos jovens que arriscam, que criam riqueza e emprego, que fazem avançar o País. A solução é simples: ter um conjunto de linhas e soluções de financiamento para projetos liderados por jovens.
À data que escrevo este artigo, o Banco de Fomento disponibiliza no seu website várias linhas específicas de financiamento:
– “Linha específica COVID-19: Apoio às Empresas dos Açores”, para apoiar as Empresas da Região Autónoma dos Açores, afetadas pelo impacto da pandemia COVID-19;
– “Linha de Apoio à Economia COVID-19: Médias e Grandes Empresas do Turismo”, que visa apoiar o emprego e a manutenção dos postos de trabalho das Médias e Grandes Empresas do setor do Turismo;
– “Linha de Apoio à Economia COVID-19: Agências de Viagens e Operadores Turísticos”, para apoiar, a nível de tesouraria, as Agências de Viagens e Operadores Turísticos, para que possam fazer face à obrigação de reembolso dos valores recebidos para viagens organizadas que não foram efetuadas ou foram canceladas por facto imputável ao surto da pandemia de COVID-19;
– “Linha de Apoio à Economia COVID-19: Empresas Exportadoras da Indústria e do Turismo”, para apoiar o emprego e a manutenção dos postos de trabalho de dois sectores fortemente afetados pela pandemia: o da indústria e o do turismo;
– E, finalmente, a “Linha de Apoio à Economia COVID-19: Empresas de Montagem de Eventos”, com o objetivo de apoiar o emprego e a manutenção dos postos de trabalho de uma atividade fortemente afetada pela pandemia: a montagem de eventos.
Estas são linhas que, com condições especiais de financiamento, são importantes no apoio à nossa economia, nomeadamente na ajuda financeira a empresas, setores e regiões do País fortemente afetados pela atual pandemia e pela crise económica. Mas com base na situação difícil dos jovens que procuram uma oportunidade no mercado, que arregaçam as mangas, que lideram novas empresas para rejuvenescer a nossa economia, fica a questão: onde está a “linha específica” dos jovens?
Ainda vamos a tempo de ter um Banco de Fomento que aposte nos jovens e nos seus projetos. As novas gerações ficarão a ganhar e, acima de tudo, Portugal também.