São velhos amigos e fisicamente muito parecidos. O Presidente bielorrusso ressuscitou hoje, ofegante, com um braço entrapado, para mostrar que estava vivo. Ou que tinha saído vivo de Moscovo. Falta saber por quanto tempo. Se lhe administraram o tratamento especial, ordenado por Putin, então é uma questão arrumada. Na lista da FSB russa, há os prioritários, que se atiram de janelas, ou morrem num desastre, e a seguir vêm os envenenados, com as misturas mais engenhosas, que podem ir de um isótopo radioativo – morte lenta – a uma injeção de cloreto de potássio, com elevada concentração, para ser fulminante. Um tiro na cabeça é um recurso em desuso.
Quem quer entrar nessa lista, insistentemente, é o líder do grupo Wagner, O «Washington Post» revelou que ele queria vender informações a Kiev, a troco de alguma paz de espírito, mas não terá tido sucesso. Nenhuma admiração. Quem lhe pagar mais terá os seus favores. Prigozhin vive no limite, longe de Moscovo, também em parte incerta, e ninguém ainda se ocupou do seu futuro. O FSB segue a lista que tem, e Putin, eventualmente, ainda não riscou o nome com o lápis vermelho. Ainda lhe é útil. Quem o vai liquidar, chegada a vez, será um dos seus mercenários, obviamente.
Em Moscovo não se dorme, e a ofensiva ucraniana ainda nem começou. Está tudo alerta, não comem nos locais habituais, só em casa, ou de lancheira, estão sempre em serviço fora da capital, nos confins da Rússia, e nunca andam na rua sem olhar para trás. É o medo, o pânico, o pavor. Ter um cargo no Governo russo, nas Forças Armadas, na polícia ou nas secretas, é estar no topo da escala de Manchester: pulseira vermelha! Não é a amarela, nem a laranja. É morte imediata.
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