Quem manda é o Governo, e a maioria que tem no Parlamento. Santos Silva foi muito claro: o Governo só responde aos deputados, e a AR é que avalia os atos governamentais. Assim sendo, e depois de todos, ou quase, rejeitarem o Pacote da Habitação, o Conselho de Ministros vai mantê-lo, com pequenos pormenores, para confirmar da tese dos dois únicos poderes, de facto, em Portugal.
O terceiro seria o Presidente, ou o primeiro, mas não conta para a maioria, e muito menos as suas inquietações, e o quarto poder está a perder-se na confusão das redes sociais e das notícias falsas. Atrevido, como é, o Pacote da Habitação fica como estava. O Estado toma conta de tudo, as autarquias não contam, e os proprietários são enxotados. Mantém-se a conceção original. Sem nenhum pecado.
Corria por aí, borbulhava nos corredores políticos, que o PR e o PM teriam feito as pazes na jornada latino-americana, em mangas de camisa. Mas estavam zangados? Não se falavam? Nutriam um ódio profundo um pelo outro? Havia mais uma guerra na Europa? Entre Belém e S. Bento? Tretas, convenhamos.
Nem o Presidente vai deixar de exercer o seu poder constitucional, nem o Governo vai recuar, nem a maioria parlamentar vergará aos incómodos institucionais. Nada disso, e o Pacote da Habitação servirá de prova. E a história vai fazer o seu caminho: era uma vez um pacote que vai à lupa do Constitucional, e depois a um presidente que pode vetar. Calma, por isso: voltaremos ao assunto daqui as uns largos meses. Quando calhar.