O «Mondego», com outra tripulação, fez-se ao mar, a partir da Madeira, onde está estacionado, a enferrujar, e teve de ser rebocado de volta após oito milhas. Por muito que custe ao almirante Gouveia e Melo, isto envergonha a nossa Marinha, que está velha, sem recursos, e incapaz de manter os seus navios.
Para Portugal, país do Atlântico e dos Descobrimentos, de heróis de grandeza universal, é enxovalhante que um pequeno navio, fácil de manter, não tenha as mínimas condições de segurança para se fazer ao mar, cumprir as suas missões, e elevar a bandeira nacional.
Um antigo chefe do Estado-Maior da Armada garantiu que os nossos navios «não estavam velhos, mas antes velhíssimos», e da ministra da Defesa não se ouviu uma explicação ou um anúncio de investimento neste ramo das Forças Armadas. É neste ramo que temos a obrigação de ser muito bons, até para descanso da NATO, mas não podemos continuar a ser o país que menos gasta em Defesa, e que continuamente se desfaz dos seus equipamentos.
A guerra na Ucrânia, que colocou desafios inéditos a Portugal e à NATO, deveria ter sido o sinal para os chefes militares alertarem o poder político, para as sérias dificuldades que estão a passar. Navios a apodrecer, tanques Leopard parados, e sem manutenção, e escassos «F-16» que só voam em dias de festa. Por exagerado que pareça, a verdade é que temos umas Forças Armadas em estado crítico e terminal. Falta-lhes dinheiro, falta-lhes pessoal, e falta-lhes dar um murro na mesa. O «Mondego» foi só a triste amostra da nossa Marinha. Isto não nos orgulha.
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