O Governo agiu muito bem, e de forma rápida, para tentar controlar o insuportável aumento de preços na alimentação básica, descendo o IVA e responsabilizando os produtores e os grandes distribuidores alimentares. Mas agindo bem e rapidamente, não significa que os portugueses vão sentir uma grande diferença nos seus gastos.
Reduzir 6% em 44 produtos alimentares, que não são sempre os mesmos a serem comprados, não resultará numa descida confortável da fatura alimentar das famílias e pessoas. Desde logo porque são só 6% em produtos que desde 2022, e já em 2023, dispararam de uma forma exponencial e insustentável. Os componentes deste cabaz já subiram 20, 30, e 40%, no período de um ano, e é dessa base que se aplica a redução dos 6%.
É por isso que os portugueses não estão a acreditar neste pacote de alívio. Faz sentido, é verdade, é teoricamente uma boa medida, nenhuma dúvida, mas não vai resultar em grande poupança. E muito menos se pensarmos, como disse o PM, que os fatores de instabilidade externa, como a guerra, não são controláveis e vão manter-se..
A única medida eficaz, porque se sente de imediato, é repetir o pacote de ajuda financeira direta, efetuado em Novembro e Dezembro do ano passado, que aumentou o poder de compra dos reformados e pensionistas, até um determinado escalão, e das pessoas e famílias.
Este cabaz não vai a lado nenhum, mesmo com todos a ajudar. Também não faria sentido atuar diretamente nos preços de mercado. Mataria os produtores, e Portugal regressaria aos piores momentos da sua vida coletiva. O Governo, por muito que lhe custe, como sempre, tem apenas de devolver todos os euros que está a ganhar com a inflação. E devolver é pagar, de volta. Transferir. Entregar a quem pertence. É difícil?
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