A ideia é deste Governo, e em princípio até revela bom senso e desejo de otimização: juntar todos os Ministérios no edifício sede da CGD. Deveria ter acontecido até ao final de 2022, mas ainda está para durar. Juntos, e ao vivo, podem estar sempre em conselho, a despachar às dúzias, e a governar mais depressa. É o que se quer.
Há, contudo, um pormenor (que é um grande problema) a estragar tudo: ter um Governo inteiro no mesmo edifício é impensável. Em termos de segurança nacional, esta ideia gera um arrepio. Claro que não somos uma potência nuclear, nem militar, mas há ameaças permanentes, ou desastres naturais, que facilmente poderiam decapitar todo o Executivo.
Esta concentração poderá acontecer, mas nunca juntando no mesmo local, em permanência, Ministérios de soberania, como a Defesa e os Negócios Estrangeiros, e obviamente a Administração Interna. E nunca, em circunstância alguma, ser o gabinete do primeiro-ministro, e o próprio passar a «habitar» no mesmo edifício.
Certamente que o Governo pensou nisso, quando anunciou esta concentração, mas nunca ninguém esclareceu como vai ser, quem vai, quem fica, e quem não pode estar. Se for para fazer apenas uma cópia do edifício da Presidência do Conselho, então não valerá a pena mudar para aquelas instalações faraónicas, onde trabalhavam, em permanência, antes do Covid e do teletrabalho, mais de 4 mil pessoas. E este número levanta outra questão: há 4 mil pessoas a trabalhar diretamente para o Governo? Não parece, nem de longe. Será que vamos ter uma sede de Governo vazia? Às moscas? Sem almas vivas?
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