O «Olho Vivo», aqui ao lado, tem um título notável para qualificar as confusões da Jornada Mundial da Juventude: «Parece uma comissão de festas da paróquia, com rivalidades entre os bairros». Tiro certeiro. Resume excecionalmente bem a luta de poderes, pequenos, e de galos, sem capoeira, que se enfrentam, com dureza, num acontecimento religioso que é suposto celebrar a união, a paz e o ecumenismo.
Carlos Moedas não fala com ninguém, segundo disse, José Sá Fernandes mantém a sua reconhecida tranquilidade e discrição, a Igreja está aberta a conter os danos causados com a sumptuosidade da organização, e Loures tem feito o seu trabalho sem irritar ninguém. Sendo só quatro cabeças de cartaz, não é possível um “acordo de paz”?
Já todos perceberam, por total desencanto dos portugueses e lisboetas, que o deslumbramento excessivo seria inaceitável para as Jornadas Mundiais da Juventude. Não era obra assinada pelo Vaticano, nem o momento se adequaria a festas e foguetórios milionários. De 5 milhões passou-se de imediato para os 80, e com mais um buraco destapado já a obra e organização atingiria os 160 milhões. Tudo estimado, claro, porque o real só se saberia em 2050.
As JMJ não são a guerra na Ucrânia, para cuja mediação já se ofereceu o Papa, mas ficaria bem a D. Américo Aguiar, bispo auxiliar, tentar juntar as câmaras de Lisboa e Loures, e o representante do Governo. São todos competentes, querem dar o seu melhor, e deveriam estar focados, apenas, na montagem e organização das Jornadas. Sem pompa, nem aparato, e muito menos luxo e ostentação. Isso acabou, na “paróquia”.
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