Quando todos em Portugal procuram reduzir gorduras, o Governo vai crescendo em cada remodelação que o PM é obrigado a fazer. E oportunidades, em nove meses, não têm faltado. Agora é mais um Ministério e uma secretaria de Estado, se as contas baterem certas. Tal é o ritmo da porta giratória.
As empresas encolhem, o mercado está irreconhecível, sem dinheiro nem futilidades, as famílias apertam, as pessoas fazem opções que já não praticavam há muitos anos, e o nosso Executivo, num país exíguo, tem uma lista de ministros e secretários de Estado que nunca mais acaba. Se a cada um deles juntarmos os respetivos gabinetes, e assessores, e adjuntos, e outros mais, então estamos perante uma grande máquina de criação de emprego.
António Costa tinha o sonho anunciado de ter um Governo curto, eficaz, e não redundante, e a realidade tem ultrapassado essa ilusão. Por que raio, ou carga de água, estará Portugal condenado a ter Executivos que rivalizam com os das potências europeias? Ou até de superpotências? Sendo ridículo é também um desperdício de dinheiro e de capacidade funcional.
A razão estará na necessidade de equilibrar e dar satisfação às aspirações e pressões políticas partidárias, mas as gorduras só atrapalham e pesam. Agora já temos 18 ministros e 40 secretários de Estado, mas ainda é pouco quando comparado com o Governo anterior, do mesmo primeiro-ministro. Sempre poderá invocar essa gordura cortada, é verdade, mas faltam quatro anos, e muitas remodelações.
Nota à Margem: quando é que Kevin McCarthy desiste de ser «speaker» dos EUA? Cinco votações não chegam? Ainda não percebeu? Vai esperar até à 10ª, ou 50ª? Que tristeza, para os republicanos! Mesmo que consiga, por exaustão, será fraco, dispensável e nada credível.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.