Ninguém ainda percebeu, ou entendeu, o que está a acontecer com o terceiro Governo de António Costa, que a maioria dos eleitores pretendia que fosse estável, duradouro e eficaz. Não é o que está a acontecer, e desta vez sai Pedro Nuno Santos, por vontade própria. Regressa à AR, de cabeça levantada, um dos mais importantes, ou o mais importante ministro político deste executivo.
Pedro Nuno Santos teve a lucidez de escolher o lado certo do dilema político em que estava metido: ou deixava o Governo agora, sem mais confusões, e pelo seu próprio pé, ou teria de enfrentar uma nova barragem de passa-culpas e desculpas com toda esta embrulhada, que já custou, até agora, três membros do Governo.
Este último abalo não tem nada de definitivo. Esperam-se fortes réplicas, há muitas perguntas em aberto, o primeiro-ministro está de férias, e o Presidente da República parte amanhã para a posse de Lula da Silva, em Brasília. Este não é um ano para esquecer. Começou, para o PS, com uma maioria, e já liquidou 11 membros do seu Governo absoluto. É inédito, invulgar e extraordinário.
Mas o mais insólito é que 2023 vai começar com mais uma remodelação. Não era suposto, nem desejável, mas estamos a aprender que não há maiorias que imunizem o Governo, que descansem o Presidente, e que aliviem os portugueses. Afinal, o mais estável de todos os Executivos de António Costa foi o primeiro, o da geringonça, cuja sobrevivência era dada como inviável, curta e escassa.
Moral desta história, que ainda tem muitas coisas por contar: a TAP (mas não os seus trabalhadores e quadros) continua a liquidar, a sangue-frio, os que a tutelam e nela tentam mexer. Não é de agora, sempre foi assim.
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