Elon Musk e Donald Trump são dois doidos à solta. O primeiro é um génio pirómano, garantidamente, e o segundo um idiota apalermado, absolutamente. Um instiga o outro. Musk virou o Twitter de pernas para o ar, em nome da liberdade de expressão, na sua forma absoluta e primária, e lançou-se, agora, na divulgação das ações de censura e bloqueio que a rede social praticou em 2020, às informações e suspeitas sobre a atuação do filho de Biden, e do próprio, na Ucrânia e Rússia.
De cabeça perdida, Donald Trump já exigiu que a Constituição dos Estados Unidos fosse suspensa, ou erradicada, ou rasgada, e pediu o seu regresso à Casa Branca, como o legítimo presidente, que foi enganado há dois anos. A teoria do 45º presidente é simples: o Twitter roubou-lhe a vitória eleitoral, mas será o Twitter a praticar a justiça divina, e a devolver-lhe a cadeira do Poder.
É de loucos. Mais ou menos. Musk fez muito bem em divulgar os procedimentos internos da rede social, para abafar tudo o que se relacionava com Hunter Biden, e o seu famoso computador, mas o mais nefasto efeito colateral desta divulgação (outras se seguirão) foi a explosão de Trump, que anula, por momentos, a urgência das autoridades policiais e judiciais explicarem o caso do filho do presidente.
Musk é ingovernável, imparável e irreprimível. Um dia destes ainda se lança na corrida presidencial. Ele acha, sinceramente, que nasceu para pôr o mundo na ordem. O mundo dele, obviamente, onde só existem duas cores. Ou nenhuma. Tanto quer chegar a Marte, como solucionar a guerra na Ucrânia. Não há um plano, uma ideia, um impulso que não lhe ocorra. Por ser assim, narcisista, e ter tanto dinheiro, Musk entrou na fase do «complexo de Deus». E Trump venera-o, agora.
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