Na Bielorrússia, em especial no palácio presidencial, há uma crescente agitação e insegurança. Para não lhe chamar medo. Terror. Pânico. Morreu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Vladimir Makei, «inesperadamente», sem mais, nem causa conhecida, e apenas com 64 anoa. Choque em Minsk, e presume-se que também em Moscovo.
Na mortal linguagem russa, o «inesperadamente» significa, quase sempre, «envenenamento». E esse código não passou despercebido a Aleksandr Lukashenko, que já mudou de cozinheiros, seguranças e todo o pessoal mais próximo. O presidente bielorrusso, que nunca se mexeu muito nesta guerra na Ucrânia, conhece bem as receitas de Putin, e dos seus serviços secretos.
E está, obviamente, aterrorizado. Sabe-se lá se o seu Governo não vai desaparecendo, «inesperadamente». Lukashenko quebrou a palavra que deu a Putin, de que abriria uma frente militar no norte da Ucrânia, mas 9 meses depois continua a fazer de conta que avança, que está quase a lançar-se na guerra, mas nunca mexeu um tanque, um batalhão, uma unidade, ou um pelotão. Ou um soldado, apenas.
Para Putin, isso paga-se caro. Já ninguém vai a Moscovo, ou aos palácios presidenciais, e os que se atrevem levam sempre uma marmita com a água, e uma sandes de atum. Nunca dá para almoçar, lanchar, jantar ou cear, na Rússia. Pode acontecer o «inesperado». Lukashenko já não aguenta. Está no limite. Ele sabe que o «inesperado» mata. Implora a Zelensky que faça as pazes com Putin, e em diversas bases e aeroportos regionais bielorussos tem sempre um avião carregado com dólares, e um plano de voo para a Suiça. Já só quer fugir, desaparecer, pedir proteção. Ao FBI, se possível.
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