Como Putin nunca recuou nas embrulhadas militares em que meteu a Rússia, tanto o Quartel-General da NATO como o Pentágono têm preparados vários cenários de resposta para a eventualidade de um ataque nuclear tático na Ucrânia. Mas nenhuma das respostas aliadas consegue impedir uma escalada catastrófica, e esse é o pior de todos os cenários.
Todos os olhos estão postos nos movimentos das unidades do 12º Comando (Diretório) Especial da Rússia, que guarda, faz a manutenção, e distribui o arsenal nuclear russo, se essa ordem for dada pelo ministro da Defesa, mas apenas com uma autorização expressa de Putin. Com grande cautela e prudência, a Sky News mostrou um vídeo de movimentações de veículos de um desses regimentos, a ser transportado por via-férrea, mas nenhuma capital aliada comentou. Ou reconheceu essa evolução. O que é normal para não causar pânico e insegurança.
O cenário intermédio mais consensual prevê que Putin ordene o lançamento de uma ogiva nuclear tática, na fronteira com a Ucrânia, mas com a explosão programada a elevada altitude, apenas para mostrar a sua determinação e poder destrutivo. Também poderá ordenar um disparo nuclear de artilharia, contra as forças ucranianas, mas esse impacto não teria grandes consequências a nível militar, tendo em conta que as unidades ucranianas estão dispersas. Era necessário usar mais do que uma, muito mais, para ter efeito.
Mas quebrada essa linha, ou passada essa fronteira, do convencional para o nuclear, os Estados Unidos e a NATO deverão responder poderosamente, mas apenas com armas convencionais, numa primeira fase, destruindo ou incapacitando todas as forças russas na Ucrânia e, eventualmente, eliminando toda a Frota do Mar Negro. O contra-ataque terá de ser suficientemente arrasador para mostrar a firmeza Ocidental. E depois?
Que fará Putin nessa situação? É justamente a partir deste ponto que tudo pode acontecer. Putin nunca deu um passo atrás, desde que tomou conta da Rússia, e esse historial tem muito peso nos jogos de guerra que estão a ser ensaiados pela NATO, e pelas três potências nucleares que a integram. O teste convencional está a ser feito na Ucrânia, para grande desespero e enxovalho das Forças Armadas russas, que estão a recuar e a fugir caoticamente em todas as frentes, e Putin já só tem, quase, o arsenal nuclear para meter medo. Não há um general de faça frente a Putin, e que o mande prender?
A propósito: um excelente trabalho do jornalista Nuno Miguel Ropio, da Visão, e disponível online, mostra que Portugal não está minimamente preparado, ou preocupado, com a ameaça nuclear. É membro fundador da NATO, mas o material de proteção que tem é obsoleto, deve estar em parte incerta, e não existem instalações pré-preparadas. Não será a altura de o Comandante Supremo das Forças Armadas, e PR, ser informado das nossas nulidades?