A Ucrânia está a «matar» Putin. Lentamente. Inexoravelmente. Irremediavelmente. Os civis russos estão a fugir da Crimeia, os ucranianos que alinharam com Moscovo fazem o mesmo, aproveitando a ponte construída por Moscovo, as bases militares e depósitos de armas e munições são alvos de destruição, e a ofensiva russa no Donbass está parada há mais de três semanas. A dinâmica da guerra virou a favor dos ucranianos.
Não há volta a dar. A menos, claro, que Putin declare o estado de guerra e de emergência na Rússia, permitindo-lhe mandar mais tropas, e mais equipamento, para continuar a ser destruído no Leste e Sul da Ucrânia. De acordo com as melhores análises militares internas dos EUA, Reino Unido, e de países muito próximos do conflito, Putin, para suster uma derrota militar, teria de enviar sete (7) vezes mais tropas do que as que tem agora a Ucrânia, e esse rácio já não é possível de atingir.
E mesmo que conseguisse, não existiram armas nem equipamentos militares para essa avalanche de pessoal, muitos menos capacidade logística, nem um comando unificado capaz de gerir tantas frentes. A invasão russa entrou em agonia, e o seu maior desespero, agora, é a certeza de não existir segurança e imunidade, em parte alguma do território ocupado, contra os ataques militares da Ucrânia.
Não vale a pena repetir que Putin sonhou com umas férias em Kiev, que essa miragem se transformou num tormento, e que os seus conselheiros militares nunca se atreveram a explicar que nunca venceriam apenas com 200 mil soldados. A matemática da guerra é ciência quase pura: teriam de enviar um milhão de homens (900 mil para ser exato), para enfrentar os 300 mil militares ucranianos, em fevereiro. A Academia Militar da Rússia nunca ensinou a primeira regra de um plano de batalha bem sucedido: uma força invasora tem de triplicar, em homens e equipamentos, a do país a invadir.
Mas tudo isso era no princípio. Agora, com seis meses de guerra, novas armas, treino intenso, interno e externo, e informações militares em tempo real, os ucranianos elevaram a fasquia, muito, e a capacidade ofensiva mudou de mãos. Fatalmente, ou forçosamente, Putin não se safará. Não há como segurar o que ocupou. A Ucrânia está a enterrar o exército russo, e o seu comandante-chefe.