O primeiro-ministro Boris Jonhson está encostado à parede, e dificilmente escapará à pressão dos membros da Parlamento, e do Governo, para resignar. Garantiu que não se demitia, que o seu dever nesta fase da guerra e da economia britânica é ter um executivo estável, e forte, mas 36 membros do gabinete estão a pedir publicamente a sua demissão, e os ainda fiéis tentam explicar ao PM que o jogo acabou.
Acabar assim, sem glória, era tudo o que Boris Jonhson não desejaria. Menos dias de Governo do que Theresa May, e com uma saída pela porta dos fundos. Se insistir em ficar, o Comité 1922 vai reunir de emergência para alterar as regras da moção de censura, que só poderia voltar a ser votada em 2023. É uma forma de abater o PM, em poucos dias, se não se antecipar. A amarga realidade que enfrenta teve em 24 horas um caso exemplar: o chanceler do Tesouro que ontem nomeou, e aceitou, pediu hoje a demissão do seu líder.
Quando os membros do Parlamento do Partido Conservador puxam das facas, nenhum PM sobrevive. Nem e senhora Thatcher escapou a esse fim abrupto. Boris Jonhson será mais um, dessa longa lista. Não interessa se conseguiu uma maioria absoluta histórica, há mais de dois anos. Quem faz e desfaz o poder executivo são os parlamentares conservadores. É o peso da história dos «tories».
Boris Jonhson concluiu com sucesso o Brexit, que ainda agita Londres e Bruxelas, é o aliado mais forte e temerário da Ucrânia, está empenhado em virar a lenta agonia da economia britânica, mas umas festas espalhafatosas, em pleno Covid, e o escândalo sexual que envolve um membro do seu vasto gabinete, colocaram-no no fio da navalha. De onde ninguém saiu vivo.
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