A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, merece a gratidão dos ucranianos e moldavos, mas também dos países dos Balcãs, e da Geórgia, pela forma como conseguiu não desapontar nenhum dos candidatos à adesão. Para atribuir o estatuto a Kiev, e à Moldova, era importante e decisivo que países como a Bósnia, Albânia, Macedónia e Sérvia, entre outros, não fossem esquecidos, e os seus processos atrasados.
A Europa dos 27 passará, um dia, a ser de 35 ou 37 membros, e essa união continental ganhará um peso e uma dimensão nunca antecipada pelos fundadores. Não interessa, nesta fase, se a corrida vai ser longa – será sempre – mas apenas demonstrar que a União Europeia reconhece as democracias, investe no seu crescimento, e não deixa ninguém para trás.
Ursula van der Leyen teve um início de mandato turbulento, e desanimador, com a atrapalhação do Covid, e a lentidão das instituições europeias, mas foi fulminante e determinada na ajuda à Ucrânia, com tudo o que era necessário. Fez mais: empenhou-se, pessoalmente, em garantir o estatuto de candidato de adesão a Kiev, e à Moldova, e a Geórgia não foi esquecida, o que é mais uma facada em Putin. Um dia destes, a UE terá uma população de mais de 500 milhões de habitantes, e um mercado livre que rivalizará com o dos Estados Unidos.
Os candidatos não são membros, têm um longo percurso político, económico e legal a fazer e cumprir – como abdicar de pedaços importantes da sua soberania – mas a partir desta fase passarão a ter um peso e uma dinâmica interna e externa assinalável. Mesmo que demore uma década, o importante é iniciar o processo. A Croácia, por exemplo, que levou anos a aderir, já está na fase de entrar no euro, em 2023. Este Conselho Europeu marcará a história dos grandes passos da União, rigorosamente o oposto do antigo orgulho europeu de só «dar pequenos passos». Essa pequenez acabou.
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