As novas armas de longo alcance e de interceção de mísseis, e de tudo o que voa, começarão a chegar à Ucrânia nos próximos dias, com as equipas militares já treinadas, e a sua distribuição pelas frentes, e ação em combate, começarão a fazer toda a diferença a partir de julho, quando a guerra já estiver no seu quinto mês. Exemplar desse empenho dos aliados foi a revelação, pelo secretário da Defesa americano, Lloyd Austin, e pelo chefe de Estado Maior General Conjunto, Mark Milley, de que as forças militares ucranianas já receberam 97 mil sistemas anti-tanque, que são mais do que todos os blindados existentes no mundo. É um esforço gigantesco e notável.
Milhares já foram usados com eficácia – sendo o Javelin o mais requisitado, e famoso – mas a Rússia alterou a estratégia de combate das suas forças, para evitar o massacre dos seus tanques e veículos blindados. Agora, no Donbas, só aparecem no fim, quando uma zona estiver completamente devastada e destruída pela artilharia de longa distância. E mesmo assim, diz o Ministério da Defesa britânico, muitas unidades recusam-se a avançar.
O que está a chegar, do mais moderno que existe, e com equipas experientes e bem treinadas, servirá para eliminar, reduzir e destruir a vantagem russa em artilharia – sempre foi o seu orgulho – mísseis, aviões e helicópteros. Eles sabem disso, e daí do desespero em ocupar o que falta do Donbas, incluindo Severodonetsk, para se colocarem em posições defensivas, tipo Primeira Guerra Mundial, como disse Milley. Mas nem assim conseguirão manter o território ocupado.
Os HIMMARS, os M270, os IRIS-T e os howitzer 2000 alemães, para não falar dos Ceasar franceses, e dezenas de outras armas enviadas pelos cerca de 50 aliados, vão dar uma leve ideia aos russos, pela primeira vez, do que seria um combate direto com a NATO. A quantidade russa, alguma com mais de 50 anos, não se equipara à qualidade e sofisticação das armas aliadas. Em nenhuma área. E aqui, uma vez mais, a Ucrânia só está a receber sistemas defensivos, embora de longo alcance, mas dentro do país. A vitória da Ucrânia é inquestionável. O que está em causa não é só a inqualificável invasão russa, que os ucranianos enfrentaram com bravura, mas também o orgulho e a demonstração de força dos aliados, dando o que de melhor têm nos seus arsenais. A diferença vai notar-se em julho.