Biden caiu da bicicleta, à frente de dezenas de jornalistas e apoiantes, e já há quem antecipe que isto foi um sinal do que lhe vai acontecer em novembro. A «onda vermelha» pressagiada por Musk – este homem é um fala-barato hipersónico – vai virar o Congresso americano para os republicanos, na sua maioria novos e velhos apoiantes de Trump, e isso deixará o presidente sem nenhuma capacidade para governar. Ou cogovernar. Mas antes de mais seria interessante perguntar quem é que deixou Biden, de 80 anos, andar de bicicleta? Ele já tem um andar parkinsónico – passos muito curtos, andar lento, corpo inclinado para a frente e reduzidos movimentos dos braços – e alguém na Casa Branca achou que a evidente degradação física se disfarçaria com passeatas de bicicleta.
Internamente, Biden tem uma taxa de desaprovação pesada, significando que os americanos discordam da ação política da Casa Branca, em áreas vitais: a economia está à beira da recessão – quando teve um crescimento espetacular nos últimos anos – a inflação aproxima-se dos dois dígitos, as cadeias de distribuição não funcionam, os produtos básicos faltam nos supermercados, e a FED aumentou as taxas de juro. A isto segue-se um turbilhão de problemas, que afeta todas as áreas da vida dos americanos.
A culpa é da guerra, e de Putin, desculpa-se Biden, que caiu da bicicleta. Mas os americanos, que apoiam a ajuda militar e financeira à Ucrânia, e nisso Biden tem trabalhado com afinco, e rapidez, não conseguem perceber como um conflito a milhares de quilómetros de distância pode afetar a produção de leite em pó para os bebés. Nem eles, nem ninguém. Em menos de dois anos, o clima económico e político nos EUA entrou em fusão nuclear. Musk é um sinal desses tempos, e já anunciou que vai votar nos republicanos. Não sendo bruxo, Elon Musk acha-se uma cassandra: prediz, avisa e profetiza.
Biden não faz nada disso, nem está em condições. Será que ele não previu, no pretérito perfeito, que o cargo de presidente dos EUA – um problema atrás do outro, sem parar – iria acelerar a sua degradação física e mental? Não é novidade, e ele sabia disso. Viu, com grande proximidade, como presidentes novos se transformaram em idosos precoces. O contrário nunca aconteceu. Biden, de repente, voltaria ao vigor dos 60 anos, ou até dos 50, funcionando a Casa Branca, e a Sala Oval, como um esteroide anabolizante. Daí a ideia da bicicleta, presume-se. Da qual deu um trambolhão.