Os três mais poderosos membros da UE, França, Alemanha e Itália, acompanhados pela Roménia, querem que a Ucrânia receba, na próxima semana, o estatuto de candidato imediato à adesão. São vários passos em frente, e extraordinários, para a Ucrânia. E o pormenor de ser «candidato imediato» esclarece definitivamente as dúvidas que poderiam existir na União, e que só agradavam a Moscovo. A Ucrânia é um «membro da família europeia democrática», e caberá a Bruxelas e Kiev dar todos os passos necessários, com urgência, para que o candidato se transforme em membro de pleno direito.
A atribuição deste estatuto especial – nunca existiu um candidato imediato – é um golpe fatal nas ambições e aventuras militares de Putin. O Donbas nunca deixará de ser território soberano da Ucrânia, e Macron – para grande espanto – também acrescentou que a Crimeia será libertada. A visita a Kiev de Macron, Scholz, Draghi e Iohannis foi a «prenda» que Zelensky tanto desejava e precisava, com a guerra a completar o quarto mês.
Mas os três Reis Magos foram mais longe: querem que a União acelere o pedido da Moldávia, e que faça o mesmo com os restantes países dos Balcãs, que já estão numa fase mais adiantada. Ou seja, a oficialização da candidatura imediata da Ucrânia vai acelerar o processo de adesão dos países que estavam na lista, para que não existam andamentos e tratamentos diferenciados. É uma decisão histórica e sensata, que tem de ser confirmada pelos restantes membros.
Portugal, obviamente, tem de apoiar esta solução, que também implica todo o apoio necessário aos ucranianos. De uma só vez, para que não existam ilusões, a União Europeia está a criar um «escudo» político em redor de vários países europeus, que constavam da lista de pendentes de Moscovo. Putin, anunciou o Kremlin, vai fazer «um discurso importante» em São Petersburgo, que depois desta visita está a gerar maior expetativa. Ou é mais um relambório de falsas pretensões históricas, ou ameaças militares, ou uma solução de diálogo. Ou tudo, à mistura, e coisa nenhuma.