Luis Montenegro vai ganhar as diretas do PSD, no próximo sábado. Tem de ganhar. Merece ganhar. Ou o PSD se coloca no sítio certo, como grande partido de centro-direita, reformista e liberal, ou continuará a suicidar-se politicamente, lentamente, sem ânimo nem motivação para voltar a ser a única e verdadeira alternativa de Poder. E esta recentragem estratégica é a imagem de marca e a bandeira de campanha de Montenegro, um dos melhores líderes parlamentares do PSD. Talvez o melhor.
Estas eleições diretas estão completamente fora da agenda mediática, mas vivemos tempos confusos: a guerra na Ucrânia, a 6ª vaga do Covid, e a inflação arrepiante, com os combustíveis e a energia a massacrar os portugueses. Há, ainda, uma outra razão fundamental para esta cobertura residual: temos um Governo de maioria absoluta, que só agora vai arrancar, com o novo Orçamento, que deixa de fora, como sempre, a resolução das dificuldades das famílias, das pessoas e das empresas. Sobre o OE, aliás, só há uma coisa a dizer: a UE suspendeu, uma vez mais, a regra dos 3% de défice, mas Portugal orgulha-se de ficar abaixo, fingindo que não percebe que há uma crise profunda, e que preocupa Bruxelas. Somos mais espertos do que eles. Como sempre.
O desempenho de Luís Montenegro, como líder do PSD, vai ser muito exigente, com bons e maus momentos, mas tem de erguer-se perante os desafios dos próximos quatro anos. Tem eleições que precisa de ganhar, autárquicas, europeias e regionais, e essa dinâmica recolocará o PSD como alternativa sólida ao PS. Montenegro tem de reaver todos os votos que desapareceram do centro e da direita, encostar os novos partidos às cordas, tirar-lhes a iniciativa, e nunca deixar o Governo descansado, tranquilo e adormecido.
E Luís Montenegro tem a capacidade, a experiência e a tenacidade para conseguir chegar lá. Não está em causa a aptidão de Jorge Moreira da Silva, mas o pior que poderia acontecer ao PSD, agora, era manter a mesma linha estratégica de Rui Rio, que deu uma maioria absoluta ao PS e ainda ajudou, e muito, no crescimento da Iniciativa Liberal, e até do Chega. Sendo pragmático, Montenegro só tem de repetir o que Costa fez à sua esquerda: dizimou o Bloco, a CDU e o PAN. O PSD precisa de um líder assim, como Luís Montenegro.
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