O primeiro sacristão de Putin é o Patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa russa. Que pena! «Irmão, não somos clérigos do Estado, não podemos usar a linguagem da política, mas a de Jesus». Isto, nestes termos, foi-lhe dito pelo Papa Francisco, numa videoconferência. Na entrevista em que revelou o teor da conversa, ao «Corriere della Sera», o Papa foi ainda mais explícito: «O Patriarca não pode transformar-se no sacristão de Putin». Kirill, que apadrinhou a guerra, desde o início, leu ao Papa, no início da conversa, as razões para a invasão, que são exatamente as mesmas de Putin, e do seu outro sacristão.
«Nos primeiros 20 minutos ele leu-me, com um cartão na mão, todas as justificações para a guerra», revelou o Papa. «Ouvi e disse: não entendo nada disso». Esta conversa aconteceu em março, e só agora se conhece o conteúdo. Kirill, que também já entrou na lista dos sancionados pela União Europeia (que tristeza!), está a sofrer grande contestação interna e externa. O Patriarca, com todo o respeito por ele, e pelos sacristãos, não deveria, em nenhuma circunstância, transformar-se num enviado de Putin, e não de Deus. Que explicação dará aos seus milhões de fiéis, quando tudo isto acabar mal? Que consolo prestará às famílias dos soldados russos que estão a morrer? E aos civis ucranianos inocentes, que são dizimados e executados? Que preces invocará a pedir a vitória para Moscovo?
O outro sacristão é o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, e é o patriarca dos disparates e insultos. O mais recente e insólito é que Israel apoia o presidente e Governo neo-nazi da Ucrânia, e que Hitler tinha sangue judaico. A parte do Hitler justificava o nazismo de Kiev! Este homem está nas últimas. Ou então deve fazer parte da conspiração para derrubar Putin. Nunca nenhum país se meteu com Israel e saiu bem dessa experiência. Sabe-se, já, que o Governo israelita, que até agora só tinha enviado ajuda humanitária, vai mandar equipamentos militares defensivos. Excecional, mesmo, seria enviarem os sistemas antimísseis que formam a sua Cúpula de Ferro. Com os agradecimentos de Lavrov, claro, o sacristão mais pequenino de Putin.