Putin deu mais um passo, extraordinariamente perigoso, na narrativa que transmite internamente, e nos avisos que está a fazer aos aliados europeus da NATO, e aos EUA e Reino Unido. Qualquer país que interfira nas operações russas na Ucrânia terá uma “resposta relâmpago” de Moscovo, disse. Ainda não chegou lá, mas esta ameaça rapidamente abrangerá os que estão a fornecer armamento aos ucranianos. Putin mudou a narrativa: a guerra não é só contra a Ucrânia, mas contra quem está a dar ajuda militar. Esta viragem do discurso serve de justificação interna, mas abre a porta para um conflito em larga escala.
Psicótico como está, incapaz de ter uma vitória militar, e com os seus generais a garantir que não conseguem superar o armamento moderno e sofisticado das forças ucranianas, Putin está a atingir a fase de total descontrolo. Invadiu e massacrou a Ucrânia, mas não admite que as forças de Kiev ataquem objetivos militares em território russo – surpresa! – e lança uma ameaça fácil de concretizar: atacará Kiev com mísseis de longo alcance, se os ucranianos continuarem a destruir locais estratégicos na Rússia. E se, de repente, os ucranianos conseguirem atingir Moscovo?
Biden, Johnson, a NATO e a União Europeia têm de desmontar, rapidamente, a narrativa russa, que não passa de mais um capítulo para justificar esta loucura. Mas nessa escalada de ameaças, Putin pode mesmo cometer a insensatez de atacar um país aliado que esteja a ajudar a Ucrânia – que para ele é uma interferência – e desencadear um conflito global. O Presidente russo sabe que perdeu, que não tem como voltar atrás, e isso torna-o louco, intempestivo, instável, inseguro e perigosamente agressivo.
Todos os Governos e capitais da NATO têm de entrar em alerta elevado. Não é para assustar, nem para brincar, mas Putin está perdido, e isso é a pior dos cenários para quem tem um vasto arsenal nuclear. Hoje, agora, já é possível dar razão a Zelensky: tudo deveria ter sido feito para impedir, ou esmagar, qualquer pretensão militar russa, logo à nascença. E de uma forma fulminante, como agora ameaça Putin. Isto está a ficar perigoso. Muito. E imprevisível.
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