Todas as informações apontam para o início da segunda ofensiva russa no Leste e Sul da Ucrânia, desta vez com um comando unificado, e o reforço dos batalhões tácticos. O Donbas é o martírio de Putin, há 54 dias. Mas o presidente russo ainda acredita que essa fatia do território ucraniano, mais a Crimeia, ficará definitivamente nas suas mãos. Ele também acredita que a economia russa nunca esteve tão forte como agora, com um rublo pujante, e um sistema bancário a funcionar sem problemas. Os números que apresentou são todos muito convincentes.
Assim sendo, e maio aproxima-se rapidamente, o Kremlin apostou tudo nesta segunda arrancada das suas forças militares. Para além de massacres e destruição indiscriminada, ainda não conseguiu nenhum objetivo importante, ou estrategicamente decisivo, e por isso é agora ou nunca. Tal como disse o chanceler austríaco, que reuniu com ele, Putin acha, convictamente, que está a ganhar esta guerra. É um dogma de fé. Sem discussão.
A intensificação, nos últimos dias, dos bombardeamentos no Donbas eram o prelúdio desta ofensiva. Putin sabe que não é possível sustentar a situação por muito mais tempo. Uma força com mais de 100 mil soldados requer uma logística infernal, que nunca funcionou bem, e à sua frente, e de lado, e atrás, tem batalhões de ucranianos poderosamente motivados e armados, que também se reagruparam naquela região. As duas partes sabem o que está em causa.
Esta guerra é insustentável para a Rússia. Nunca os ucranianos desistirão de os atacar, e a ajuda para isso não faltará. O erro de Putin não foi meter-se, apenas, e mal, com um país soberano, mas com 30 ou 40 países europeus e aliados transatlânticos, que jamais poderão perder. A derrota da Ucrânia seria também da Europa, da NATO e, particularmente, dos EUA e Reino Unido. Putin, se fosse esperto, já teria desaparecido.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.