Putin, no seu habitual estilo de ex-coronel do KGB, está a fazer um teste de força a Biden e à NATO. Por enquanto é apenas um jogo de guerra, concentrando 120 mil soldados na fronteira com a Ucrânia – faz lembrar Hussein em 1991, quando enviou as suas tropas para o Koweit – mas rapidamente pode transformar-se numa invasão militar, e em larga escala. Os analistas do Pentágono admitem que esse passo poderá ser dado já em fevereiro, tendo em conta o tipo de material de guerra russo que está a ser enviado. Para ajudar, Putin acredita que as reações internacionais, incluindo da NATO e EUA, não serão piores, ou mais gravosas, do que as já aplicadas a Moscovo.
E é capaz de ter razão. Biden, na sua conferência de imprensa, disse acreditar que a Rússia vai invadir a Ucrânia, embora tentando minorar a catástrofe com a ideia de que poderia ser apenas uma ação militar de pequena envergadura e duração. Mas disse mais: que a NATO não tem uma posição conjunta sobre essa hipótese, e que está dividida. Bela ajuda a Putin. “Sim podes invadir, que não sabemos o que fazer”, é a frase que circula nas capitais da NATO, e que espelha a realidade. Biden não sabe estar calado.
O jogo de força de Putin é direto e assumido: Moscovo não aceitará nunca a adesão da Ucrânia à NATO, e a mesma pressão está a ser aplicada à Finlândia e Suécia, que já pediram para entrar. Para Putin, e a sua autocracia, a Rússia ficaria cercada pela NATO e China, e isso desequilibraria a atual balança de poder e dissuasão.
Putin não gosta de perder, e tem 120 mil soldados na fronteira ucraniana, que não podem lá ficar por muito tempo. Biden, por seu lado, não consegue ser inequivocamente explícito, e duro, sobre as consequências de uma ação russa, que não sejam as habituais sanções. A favor de Biden está a decisão de enviar mais armamento para Kiev, para além do que outros países europeus estão a fazer. Alguém tem de parar Putin. Senão temos um problema!
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