Roman Abramovich é o novo cidadão nacional. Português, por isso. Bem-vindo. Sou dos que apoiam e incentivam o aumento da nossa população. Precisamos de mais cidadãos nacionais, temos uma pirâmide demográfica invertida, e em 2050 seremos uma raça em vias de extinção. Ou nos esforçamos agora, para nascerem resmas de portugueses, para além de acelerar a integração dos imigrantes, na nossa sociedade e nacionalidade, ou a UNESCO, ou coisa parecida, terá de declarar Portugal como nação protegida, património da Humanidade, e objeto museológico universal.
Por tudo isto, o cidadão português Abramovich merece uma saudação especial. Se ele já tem o Cartão de Cidadão, então também teremos de dar a toda a sua família direta, indireta, amigos mais próximos, sócios, oligarcas e patronos. Ou patrono. Se a Abramovich concedemos a cidadania nacional, era o que faltaria não fazermos o mesmo ao seu padrinho, Vladimir Putin. Pode não querer, eventualmente, porque não tem tempo de ir a uma Loja do Cidadão, mas sempre poderemos conceder a cidadania honorífica, de mérito, de distinção.
É verdade, já agora, que dizem muitas coisas sobre o papel que Roman desempenha em Londres, e noutros países, a mando direto de Vladimir, mas tudo isso será, certamente, ficção científica, como o livro de Catherine Belton – «Putin’s People». A intriguista correspondente especial da Reuters, e ex-jornalista do Financial Times em Moscovo, a viver agora em Londres, atreveu-se a publicar, em 2020, um «bestseller», que o «The Times» elogiou e recomendou nestes termos: «livros sobre a Rússia atual abundam…Belton ultrapassou todos».
Diz Catherine Belton, garante, até, que Abramovich é um dos braços (armados) financeiros de Vladimir Putin, que até comprou o Chelsea por ordem dele, e que a riqueza que é suposto possuir, e administrar, tem dono em Moscovo. E como Roman nunca o renegou, ou deixou de cumprir ordens, continua vivo, e faustoso. Tudo isto, e muito mais, são as tretas da jornalista, que em 504 páginas demonstrou como o «KGB reconquistou a Rússia, e depois o Ocidente». Nada de armas, tudo em «cash». E alguns venenos, de quando em vez. Pelo sim, pelo não, à cautela, sempre é melhor o SIS ler o «bestseller» de Catherine.
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